Nos últimos
tempos realizaram-se eleições presidenciais em Moçambique, na Bolívia e na
Argentina, mas enquanto Filipe Nyusi e Evo Morales renovaram os seus mandatos,
o presidente Mauricio Macri foi derrotado por Alberto Fernández que vai ser o
presidente da Argentina, o país que viu nascer o Papa Francisco e Ernesto
"Che" Guevara, Lionel Messi e Diego
Maradona, Carlos Gardel e Jorge Luis Borges, Juan Manuel Fangio e Juan Domingo
Perón.
Na sua primeira mensagem no Twitter o
presidente eleito agradeceu a vitória aos seus apoiantes e publicou uma
fotografia em que aparece a desenhar um “L” com o indicador e o polegar da mão
esquerda — um símbolo do movimento que pede a libertação de Lula da Silva, o
antigo presidente do Brasil. A fotografia vinha acompanhada de um texto que dizia que “também hoje
faz anos o meu amigo Lula, um homem extraordinário que está injustamente preso
há um ano e meio”, acrescentando “parabéns para si, querido Lula. Espero ver-te
em breve”. Jair Bolsonaro, a partir da capital brasileira, não gostou daquelas
afirmações e afirmou ser “uma afronta à democracia brasileira e ao sistema
judiciário brasileiro”, recusando-se a felicitar o novo presidente da
Argentina.
Parece, portanto, abrir-se um tempo de
incerteza ou mesmo de tensão entre os dois maiores países da América do Sul,
cuja rivalidade vai muito para além do futebol. Porém, a malha de interesses
económicos e comerciais entre eles é tão intensa que, certamente, nenhum ousará
criar incidentes diplomáticos ou rupturas comerciais. É exactamente isso que salienta a edição de ontem do Correio Braziliense, isto é, a esquerda peronista na
Argentina e a direita ultra-conservadora de Jair Bolsonaro vão ter de conviver,
embora a navegar com rumos ideológicos bem diferentes.