A esperada
ofensiva turca contra os curdos já começou, por terra e pelo ar, com as agências
noticiosas a divulgar as primeiras imagens que mostram os efeitos dos
bombardeamentos e das explosões sobre as zonas urbanas das cidades fronteiriças
sírias e a população em fuga ao longo das estradas. A imprensa americana, caso
do Washington Post, do The New York Times e do The Wall Street Jounal, destaca que a
Turquia lançou uma ofensiva contra os aliados dos Estados Unidos e esta
referência ao abandono a que foram sujeitos os seus aliados, não deixará de
perturbar a América e de aumentar a impopularidade do seu actual presidente.
Alguns jornais europeus são mais severos e referem a traição de Trump ou, como
sucede com o britânico The Independent, afirmam que os
curdos foram abandonados por Trump. A União Europeia, através dos cinco países
que actualmente integram o Conselho de Segurança das Nações Unidas (França,
Reino Unido, Alemanha, Bélgica e Polónia) pediu uma reunião urgente deste órgão
e o fim da ofensiva turca.
No terreno a
situação é complexa, quer militar quer
politicamente. Em termos militares é enorme a desproporção de forças, mas a
ofensiva turca pode não ser um passeio militar, pois as forças curdas são
formadas na base de unidades de guerrilha bem armadas e muito experientes e isso pode custar caro aos turcos. Em
termos políticos a situação pode ser ainda mais grave se os turcos
ultrapassarem o que foi acordado com Donald Trump e levarem o seu ataque para
além do objectivo anunciado de criar uma zona de segurança fronteiriça de 30 km , o que pode conduzir à
intervenção das forças de Bashar al-Assad. Significa que, uma vez mais, o juiz
daquela região vai continuar a ser Vladimir Putin.
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