Há cerca de seis
meses reinava o caos e a incerteza na Venezuela, com meio mundo a hostilizar o
regime de Nicolas Maduro e com a população envolvida em grandes manifestações, ora
contra o governo venezuelano, ora a favor do regime chavista. A situação
económica do país era gravíssima, com carências de bens de primeira necessidade
e com uma inflação descontrolada. Donald Trump e alguns dos seus aliados sul-americanos
aproveitaram a debilidade venezuelana e ensaiaram um golpe para afastar Maduro do
poder, tendo apostado no ambicioso Juan Guaidó, o jovem presidente da
Assembleia Nacional que, aos 35 anos de idade, se imaginou como o novo Simon
Bolivar dos tempos modernos. A estratégia adoptada passou por intensas
campanhas de manipulação da opinião pública nos mass media internacionais e pela intoxicação repetida de fake news, além de outras acções complememtares
como foi a encenação mediática das fugas em massa para o Brasil e a ajuda
humanitária através da fronteira com a Colômbia, a que aderiu a nossa pouco
esclarecida RTP. A gente de Guaidó esperava a deserção maciça para o seu lado
dos aparelhos militar e judicial, mas isso não aconteceu e a contestação perdeu
fôlego, enquanto o Donald Trump se cansou de ter tido mais um insucesso nas
suas políticas de destabilização nos países que não partilham do seu ideário.
Durante alguns meses, a Venezuela foi esquecida e a imprensa mundial retirou-a
da sua agenda. Até que, provavelmente inspirado pelo que se passa na Catalunha
e no Chile, Juan Guaidó reapareceu para convocar uma grande manifestação para o
dia 16 de Novembro que, disse, será o “começo de uma revolta popular sem
precedentes na Venezuela”. Se não é uma ameaça de insurreição, parece. Mas
esperemos para ver.
Porém, o PIB venezuelano
caiu 26,8% no 1º trimestre do ano e, tal como hoje anuncia o jornal El
Universal, a inflação acumulada no corrente ano já atingiu 4.679,5%! Com
estes desempenhos económicos, tanto a Venezuela como o Maduro e o Guaidó são um
terrível e desconcertante paradoxo.
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