Em Dezembro do
ano passado o presidente Donald Trump anunciou que os militares americanos estacionados
no nordeste da Síria iriam regressar a casa porque tinham derrotado o Estado
Islâmico (Daesh) e, por isso, a sua missão tinha terminado.
A retirada
americana está agora em vias de ser concretizada, depois de um acordo celebrado
entre Donald Trump e Recep Tayyip
Erdogan que “autoriza” a Turquia a ocupar uma zona de segurança de 30
km de profundidade ao longo da sua fronteira com a Síria.
Segundo refere a imprensa internacional, a retirada americana pode ter graves
consequências para as unidades de protecção do povo curdo (YPG), que foram a
principal força de combate contra o Daesh e que agora ficam desprotegidas
perante o seu inimigo turco, sobretudo nas áreas que eles pretendem
ocupar. O jornal Libération pergunta mesmo se os curdos vão ser sacrificados,
depois de tudo o que fizeram.
A gradual retirada americana daquelas regiões já começou a
ter efeitos negativos, primeiro no Iraque onde o Daesh reapareceu com
iniciativa operacional e, agora, no norte da Síria onde também começou a actuar
em territórios de onde tinha sido expulso. De acordo com os serviços de informação
americanos encontram-se no Iraque e na Síria entre 14 a 18 mil membros do Daesh, incluindo
cerca de três mil combatentes estrangeiros, que já retomaram a sua actividade
através de assassínios, emboscadas e atentados suicidas.
Significa que quando se imaginava que, embora lentamente,
se caminhava para a estabilidade naquela região com a Rússia, o Irão, a
Turquia, o Iraque e a Síria a entenderem-se, a retirada americana deixa os
curdos à mercê dos turcos e parece abrir as portas ao regresso do Daesh. A ofensiva militar turca já está anunciada e, nestas coisas, o mais difícil é começar...
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