A guerra na Ucrânia
já decorre há mais de cinco meses, mas parece que está para durar e que as
partes não estão interessadas num cessar-fogo, pois a sua retórica continua a
ser de confrontação e de tentativa de domínio ou humilhação do seu adversário. A imprensa
internacional deixou de acompanhar este conflito como tema relevante, sobretudo
depois de verificar que se trata de um confronto entre dois blocos de
interesses conflituantes que vem desde o tempo da 2ª Guerra Mundial e que “o
caso da Ucrânia” é apenas um pretexto para ressuscitar a Guerra Fria e restaurar
o conceito de “cortina de ferro”, expresso por Winston Churchill em 1946, para
caracterizar as divisões políticas e ideológicas entre o Velho Continente.
Hoje, já é claro
que o povo ucraniano podia ter sido poupado a esta catástrofe e a Europa a esta crise que atravessa, se os dirigentes
mundiais tivessem sido inteligentes, ou se as indústrias do armamento não
tivessem fome de vendas e sede de lucros. No terreno, a propaganda e a
contrainformação têm sido armas tão letais quanto os mísseis, a artilharia, os
tanques ou os aviões, daí resultando que pouco sabemos a respeito da verdade e do
que se passa no terreno, mas também quanto às hipóteses de ser encontrada a paz.
Para além das ameaças
e das provocações recíprocas que aconteceram anteriormente e da ilegalidade da invasão
russa iniciada a 24 de Fevereiro, que foi enfrentada por uma inesperada resistência
ucraniana, pouco sabemos sobre o conflito, até porque as televisões manipulam a
audiência ao misturarem, demasiadas vezes, opinião com notícia que, por definição, umas são verdadeiras
e outras falsas.
Parece que, de
facto, o conflito está para durar. Sabemos que uma parte do mundo condena a Rússia,
mas sabemos que outra parte se abstém, que haverá crimes de guerra, que há fornecimentos
maciço de armamento a inundar o território ucraniano e a destruir o país, mas
pouco mais sabemos.
Nesse quadro, é
muito interessante o anúncio hoje feito pelo jornal catalão El
Periódico, que nos próximos dias irá fazer uma “viaje a las fronteras
rusas, com paradas en Finlandia, Letonia, Lituania y Polonia, donde más temor há
generado la invasión de Ucrania”. A reportagem dessa viagem chama-se Las fronteras de la ansiedad ou Viaje a la frontera del expansionismo ruso, pois nesses
países haverá muita ansiedade quanto a uma eventual invasão russa. Talvez esta reportagem nos ajude a compreender melhor a realidade.