segunda-feira, 28 de julho de 2025

Tadej Pogacar dominou o Tour de France

Terminou ontem em Paris a 112ª edição do Tour de France que teve como vencedor indiscutível o ciclista esloveno Tadej Pogacar que, aos 26 anos de idade, ganhou pela quarta vez a prova maior do ciclismo mundial.
De 5 a 27 de julho foram percorridos 3.302 quilómetros, distribuídos por 21 etapas, tendo este fenómeno do desporto internacional triunfado em quatro etapas, brilhado nas etapas de montanha e também nas etapas contra-relógio.
Através das imagens televisivas e da excelência das reportagens apresentadas, todos puderam ver a superioridade de Tadej Pogacar sobre os outros ciclistas e o enorme entusiasmo com que os franceses acompanham o Tour de France.
A prova terminou nos Champs-Elysées, em Paris, numa festa com enorme entusiasmo popular que, inesperadamente, também foi uma disputadíssima etapa, o que levou a edição de hoje do jornal L’Équipe a dedicar-lhe a palavra “épique”.
Depois de Pogacar classificaram-se o dinamarquês Jonas Vingegaard e o alemão Florian Lipowitz. Terminaram a prova 160 ciclistas, tendo Nélson Oliveira (Movistar Team) obtido o 74º lugar da classificação geral, enquanto João Almeida (UAE Team Emirates) desistiu na sequência de uma queda em que fracturou uma costela.
No dia 23 de agosto começa La Vuelta a España. Espera-se que João Almeida esteja recuperado, que participe e que possa lutar por uma boa classificação.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

A fome agudiza a tragédia palestiniana

O que se passa em Gaza é uma vergonha para o mundo civilizado, é a barbárie mais cruel que se possa conceber e só pode gerar a indignação e a revolta da humanidade, embora muitos líderes mundiais continuem a pactuar com o extremismo israelita e a bestialidade de Benjamin Netanyahu.
“Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”, assim escreveu Sophia de Mello Breyner na “Cantata da Paz”, um poema musicado em 1970 por Francisco Fanhais, que apelava ao fim da guerra e ao respeito pela dignidade humana. Nos dias que passam, este poema tornou-se tão actual como quando foi escrito, então em sinal de revolta contra as guerras, contra todas as guerras, desde o Vietname até à Guiné-Bissau.
Em Gaza, depois das bombas, da destruição indiferenciada e de milhares de mortos, a fome alastra e a situação humanitária degrada-se. Um quarto das crianças em Gaza está subnutrida e, de acordo com a edição de ontem do diário francês Libération, “mais de uma centena de ONG denunciam ‘une famine de masse’ ou uma fome generalizada no enclave, onde as mortes por desnutrição se multiplicam por falta da ajuda alimentar que está bloqueada por Israel”.
Nas suas edições de hoje, alguns jornais internacionais de referência publicam expressivas fotografias que denunciam os efeitos da fome na população de Gaza.
Dizem alguns jornais que, perante o agravamento da situação, a União Europeia renovou as ameaças a Israel e não excluiu a adopção de sanções, caso o regime extremista de Netanyahu não cumpra o acordo firmado no início do mês de Julho sobre a melhoria da crise humanitária em Gaza. 
Que falta de vergonha...
Que conversa medíocre... 
Que tristeza de Europa!

terça-feira, 22 de julho de 2025

End This Horror Now. Now. Now.

A Europa que foi a bússola da humanidade durante muitos séculos, tem andado à deriva e a ser governada por dirigentes menores, incapazes e vaidosos, que cada vez são menos escutados no mundo. Um dos mais chocantes aspectos da política europeia é a forma como têm sido apoiados os sucessivos pacotes de sanções contra a Rússia e, inversamente, como nada tem sido feito em relação à brutalidade e à desumanidade israelita contra os palestinianos, sem uma crítica ou um veemente protesto. Algumas declarações avulsas de um ou outro dirigente, não apagam a cumplicidade europeia para com os horrores que os extremistas israelitas de Netanyahu praticam diariamente sobre o esfomeado e humilhado povo palestiniano.
Acontece que a imprensa é dominada pelos grandes interesses e que as suas linhas editoriais são cada vez menos independentes, sendo dominadas pela desinformação e, por isso, não é habitual que um qualquer jornal levante a sua voz para condenar Israel pelo continuado massacre sobre o povo palestiniano. Por isso, a edição de hoje do jornal britânico Daily Mirror merece o nosso destaque, ao escrever END THIS HORROR NOW, em linha com o conteúdo de um manifesto ontem divulgado.
Diz o jornal que o Reino Unido se juntou a 24 outros países num manifesto pedindo o fim da guerra, quando mais 85 palestinianos foram mortos, apenas porque suplicavam por água e por comida. O manifesto diz o seguinte: 

"Nós, os signatários listados abaixo, unimo-nos com uma mensagem simples e urgente: a guerra em Gaza deve terminar agora. O sofrimento dos civis em Gaza atingiu novos patamares. O modelo de prestação de ajuda do governo israelita é perigoso, alimenta a instabilidade e priva os residentes de Gaza da dignidade humana. A negação, por parte do governo israelita, de assistência humanitária essencial à população civil é inaceitável. Israel deve cumprir as suas obrigações ao abrigo do Direito Internacional Humanitário.”

A declaração é assinada pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Nova Zelândia, Noruega, Polónia, Portugal, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido.
Portugal assinou. Finalmente, houve uma tomada de posição. O corajoso Rangel devia ter vergonha por ter esperado tanto tempo.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

O Brasil é dos brasileiros!!

Por estar à frente da mais poderosa nação do mundo, o presidente Donald Trump tem vindo a comportar-se com arrogância pessoal, fanatismo ideológico e com todo o tipo de ameaças, mostrando uma enorme falta de respeito pela soberania dos outros estados.
Não é preciso dar exemplos do que o trumpismo vem fazendo no mundo, ameaçador e vingativo, dando o dito por não dito e reduzindo a sua acção política a uma simples contabilidade de custos e proveitos, sob o lema do MAGA (Make America Great Again), sempre inscrito no seu boné vermelho.
Agora chegou a vez do Brasil. O Donald não gostou que os BRICS se tivessem reunido no Brasil e condenassem o ataque americano ao Irão, nem que pedissem para os israelitas abandonarem Gaza e para que acabassem com a sua cruel ofensiva contra os palestinianos. Além disso o Donald tratou de criticar a justiça brasileira por acusar Jair Bolsonaro de tentativa de golpe de estado, o que é uma grosseira intromissão nos assuntos de um estado soberano.
Já depois disto e por ordem do ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Jair passou a usar uma tornozeleira e vai passar a ter que cumprir várias regras comportamentais, enquanto a sua casa foi objecto de buscas judiciais. Furioso, o brasileiro de que o Donald tanto gosta, veio afirmar que “é a suprema humilhação”.
Nos Estados Unidos foram retirados os vistos a vários ministros brasileiros, incluindo Alexandre de Moraes, enquanto os empresários brasileiros dos sectores industrial e agrícola se têm unido em torno do vice-presidente Geraldo Alckmin, como se sempre tivessem sido apoiantes do governo de Lula.
Como diz a mais recente edição da revista Veja, “o tarifaço do presidente americano,  ajuda a popularidade de Lula e faz a oposição se dividir entre defender Bolsonaro ou os interesses do país”. 
Com determinação e coragem, Lula fez-se fotografar com um boné azul onde se lê “O Brasil é dos brasileiros” e responde-lhe: Thank you Mr. Trump!
Era bom que esta disputa se ficasse pelos bonés...

sábado, 19 de julho de 2025

O melhor inimigo de cada um…

As relações entre Donald Trump e Vladimir Putin são um enigma da política internacional e um motivo de inquietação para o mundo. Nos últimos meses lemos as mais diferentes versões e declarações sobre estes dois líderes mundiais e ficamos sem saber se são amigos, se são amigos de conveniência, se são parceiros de negócios, ou se são apenas indivíduos que se conhecem há muito tempo e que se toleram. 
A revista alemã Der Spiegel dedica a sua última edição a esse assunto com o título "Sein Bester Feind" (o seu melhor inimigo) e, na capa, as expressões exibidas por Trump e por Putin, ajudam-nos a compreender a relação entre ambos. Segundo salienta a revista, “Donald Trump há muito que admira publicamente Putin pela sua força”, mas “agora, o presidente dos Estados Unidos está cada vez mais irritado com o governante russo”. Nos últimos doze anos Trump elogiou Putin – “inteligente e brilhante”, “ele sabe como fazer as coisas”, um “pacificador” e ainda disse que “se dava bem com ele” e que poderia “tornar-se o seu melhor amigo”.
A revista refere ainda que “Donald Trump há muito tempo bajula Vladimir Putin e Boris Johnson até disse que ele tinha um ‘fascínio homoerótico’ pelo presidente russo”, perguntando como surgiu a ruptura entre ambos e como pode a zanga de Trump com Putin influenciar a guerra na Ucrânia.
Donald Trump disse, muitas vezes, que com ele na presidência nunca teria havido guerra na Ucrânia e repetiu, também muitas vezes, que acabaria com a guerra em 24 horas. Agora ele estará desiludido com Putin, porque ele não cede nas suas exigências territoriais e não aceita o acordo que lhe foi proposto, pelo que decidiu enviar mais armas para a Ucrânia - a ser pagas pelos contribuintes europeus, como sentenciou esse imbecil do Mark Rutte.
O mundo depende cada vez mais de homens como estes. É um imbróglio, até porque, manifestamente, nem um nem o outro dão qualquer importância ao Macron, ao Starmer, ao Merz, à Ursula, ao Costa, isto é, aos líderes europeus que continuam a fazer cimeiras sobre cimeiras e a assistir com indiferença à criminosa crueldade israelita contra os seus vizinhos.

terça-feira, 15 de julho de 2025

A NATO assume envolvimento na Ucrânia

A guerra da Ucrânia já dura há muito tempo e parece evidente que os defensores da paz têm perdido no confronto com os apoiantes da guerra, embora a distorção noticiosa, a manipulação informativa e a intensa propaganda não permitam saber exactamente o que se passa, nem o que querem as partes em confronto.
Donald Trump sempre afirmou que acabaria com a guerra em 24 horas e parece que tentou a paz com o seu amigo Putin, mas desde que arranjou um secretário-geral da NATO sem dignidade e sem vergonha, viu que tinha uma janela de oportunidade para fazer negócio e vender a produção do seu aparelho industrial. Esse cretino que é Mark Rutte passou a ser o interlocutor privilegiado do Donald e senta-se presidencialmente na Casa Branca ao seu lado, como mostra a edição de hoje do Financial Times. Nenhum outro jornal de referência mostra a fotografia deste encontro, o que também demonstra que se trata de uma operação do mundo dos negócios, isto é, os americanos fornecem o material e os europeus pagam tudo, como foi desejo expresso da parceria entre Donald Trump e o seu lacaio Mark Rutte. O negócio à frente da diplomacia e da política, tal como Trump sempre aspirou.
Porém, o Donald dá as armas que os europeus vão pagar, mas também deu 50 dias ao seu sócio, ou simplesmente amigo Putin, para parar a guerra e aceitar a paz.
Humildemente não sei o que vai acontecer, mas esta entrada já indisfarçada da NATO no conflito sob o comando de Rutte e a teimosia russa de Putin em garantir a posse dos territórios ocupados não casam nada bem, como também não é de esperar que a Rússia aceite este tipo de ultimatos trumpianos.
Entretanto, deve haver muitos líderes europeus que não se reveem neste comportamento bajulatório, indecente e indigno de Mark Rutte e não estejam para o aturar, nem para apoiar o envolvimento directo da NATO na Ucrânia.

domingo, 13 de julho de 2025

A memória de Elcano regressou à Corunha

A edição de hoje do jornal El Ideal Gallego que se publica na cidade da Corunha desde 1917, insere uma bela fotografia a toda a largura da sua primeira página, na qual se vê o navio-escola Juan Sebastián de Elcano a aproximar-se da Torre de Hércules, o histórico farol que se encontra à entrada do porto.
A Torre de Hércules foi construída pelos Romanos no século I d.C. sobre um rochedo de 57 metros de altitude e tem 55 metros de altura, dos quais 34 correspondem à construção romana e 21 metros foram acrescentados quando a torre foi restaurada no século XVIII. No ano de 2009 a Torre de Hércules foi inscrita pela UNESCO na sua Lista do Património Mundial.
O jornal destaca em título que “Elcano” regressou à Corunha, numa dupla alusão à visita do veleiro e às celebrações do 5º centenário da partida da expedição de Garcia Jofre de Loaysa para as Molucas, a que os espanhóis então chamavam islas del Poniente, na qual tomou parte o experiente Juan Sebastián de Elcano. 
A expedição de Loaysa largou da Corunha e foi a primeira que o Imperador Carlos V enviou às Molucas, depois de Fernão de Magalhães ter descoberto em 1519, o estreito que liga o Atlântico ao Pacífico. Nessa expedição, que partiu da Corunha no dia 15 de julho de 1525, participaram sete navios, mas só um chegou ao seu destino e, tanto Elcano como Loaysa, morreram antes de chegar às Molucas.

sábado, 12 de julho de 2025

Um Lula corajoso face ao vingativo Donald

As retaliações anunciadas por Donald Trump contra o Brasil são mais um exemplo da perigosidade deste indivíduo vingativo, narcisista e poderoso. Hoje, já ninguém tem dúvidas de que o seu comportamento imprevisível e demasiado ambicioso pode trazer graves consequências para o comércio mundial e, naturalmente, também para os Estados Unidos.
O comércio internacional consiste na troca de bens e serviços entre os diferentes países e, segundo a teoria oitocentista de David Ricardo cujos princípios continuam válidos, tanto os países exportadores como os países importadores têm vantagens comparativas ao produzir certos bens e serviços e ao importar outros bens ou serviços. Por isso, quando o Donald ameaça ou aplica tarifas aduaneiras está a atingir os seus parceiros comerciais, mas também está a dar tiros nos pés e a afectar os sectores da economia americana que assenta nas importações.A imprensa brasileira tem procurado analisar algumas das possíveis consequências para a sua economia deste novo “trumpian model” e o jornal A Tribuna, que se publica em Santos, destaca o braço de ferro entre os EUA e o Brasil, bem como as possíveis perturbações para o seu porto. Outros jornais que veiculam interesses específicos de outros estados, designadamente no Rio Grande do Sul, também reflectem as suas preocupações pelos efeitos que o “trumpian model” possa ter nas agro-indústrias. As tarifas impostas pelo Donald são uma forma de apoio a Bolsonaro, a contas com a Justiça, mas “podem sair pela culatra” e ter um efeito contrário, podendo ser vistas como um ataque à soberania dos brasileiros e daí que o presidente Lula da Silva já tenha afirmado que protegerá o seu povo e as empresas brasileiras.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Trump ameaça o Brasil, mas Lula é firme

O presidente Donald Trump tem-se multiplicado em atitudes violadoras das normas de convívio internacional, por vezes com grosseria e sempre com arrogância, parecendo desafiar as soberanias de alguns países. Ameaçou o Canadá e a Dinamarca, deu luz verde a Netanyahu para destruir Gaza e criar uma Riviera de Médio Oriente, atacou o Irão sem ter quaisquer provas de que este país tinha ou preparava bombas nucleares e está agora a desafiar o Brasil ao impor taxas aduaneiras de 50% aos produtos brasileiros.
Esta medida surgiu como reacção punitiva aos países que integram o bloco das economias emergentes, designados como BRICS – dez estados-membros e dez parceiros-candidatos – entre os quais a China, a Índia, a Rússia e o Brasil, que representam 46% da população mundial e que realizaram recentemente a sua cimeira no Rio de Janeiro.
Donald Trump não gostou que os BRICS condenassem o ataque ao Irão e pedissem que Israel abandonasse Gaza, mas também veio declarar que era “terrível” a forma como está a ser tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é acusado pela Justiça brasileira por tentativa de golpe de estado, acusando o Brasil de estar a fazer “caça às bruxas”.
Naturalmente, o presidente Lula da Silva devolveu a carta de protesto que recebera do Donald e, num comunicado oficial publicado no jornal O Estado de S. Paulo, afirmou que “a defesa da democracia no Brasil compete aos brasileiros”, “que ninguém está acima da lei” e que “somos um país soberano e não aceitamos a interferência ou tutela de quem quer que seja”.
Que pena não haver dirigentes na Europa com a firmeza de Lula da Silva.

Texas: meteorologia, geografia e tragédia

No passado fim-de-semana, a área central do estado americano do Texas e em especial o condado de Kerr, foi atingida por chuvas torrenciais que provocaram grandes enxurradas e inundações que, de acordo com a edição de ontem do jornal The Dallas Morning News já causaram 109 mortes, havendo ainda 160 pessoas desaparecidas.
A tragédia teve enorme repercussão pelo elevado número de perda de vidas e de bens materiais, incluindo casas e automóveis arrastados pelas águas, mas também por ocorrer no Verão, a época menos provável para que acontecesse. O governador do Texas, Greg Abbott, afirmou que “ninguém esperava uma parede de água de quase nove metros de altura”, referindo-se ao que aconteceu no rio Guadalupe que, em 45 minutos, subiu oito metros e transbordou.
A área por onde passa o rio Guadalupe tem uma geografia propensa a chuvas torrenciais e é conhecida como Flash Flood Alley (o beco das enchentes relâmpago), resultantes de fenómenos meteorológicos locais – o ar quente do golfo do México (que Trump quer que se chame golfo da América) encontra uma fileira de penhascos e colinas íngremes nesta região e condensa-se, podendo dar origem a chuvas intensas, que enchem rapidamente os rios, porque os terrenos naquela região não absorvem a água das chuvas. O fenómeno é conhecido e acontece por vezes, mas desta vez não foi previsto ou foi anunciado tardiamente, porque o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) “tinha perdido quase 600 dos seus cerca de 4 mil funcionários”, conforme a administração Trump decidiu em relação ao NWS e outras agências que foram “ forçadas a reduzir a sua força de trabalho”.
No Texas, como em muitas outras regiões do planeta, as medidas economicistas apressadas podem conduzir a grandes tragédias.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Pamplona e as Fiestas de San Fermin

Começaram ontem em Pamplona, na região autónoma de Navarra, e vão decorrer até ao dia 14 de Julho, as Fiestas de San Fermin ou Sanfermines, que são uma das mais animadas e mais afamadas festas espanholas, pois atraem centenas de milhares de visitantes.
As Sanfermines têm origem muito antiga, mas a sua fama surgiu através da obra do escritor americano Ernest Hemingway e do seu livro The Sun Also Rises, traduzido em Portugal como Fiesta. As festas iniciaram-se ontem com o lançamento de fogo-de-artifício, ou chupinazo, lançado da sacada do palácio governamental e terminam à meia-noite do dia 14 de Julho. Entre os dias 7 e o dia 14 decorrem, todos os dias às 8 horas da manhã, os famosos encierros, isto é, largadas de touros que percorrem três ruas do centro histórico de Pamplona, na distância de 849 metros, que normalmente duram três a quatro minutos e, quase sempre, provocam acidentes mais ou menos graves no público que a eles assiste. Dizem as crónicas que, entre 1922 e 2009, morreram 15 pessoas nos encierros das Sanfermines.
A intensa mediatização internacional das Sanfermines atrai manifestações diversas, que procuram afirmar as suas mensagens na fiesta, enquanto plataforma comunicacional de excelência. Assim aconteceu ontem, quando a organização homenageou o povo da Palestina, enquanto um grupo de activistas protestou contra as touradas durante as festividades.
Porém, como mostra a edição de hoje do Diario de Navarra, as gentes de Pamplona gostam demasiado das suas Sanfermines.

R.I.P. Amadeu Garcia dos Santos

Na passada sexta-feira faleceu na sua casa em Lisboa, com 89 anos de idade, o General Amadeu Garcia dos Santos, um homem com fortes ligações ao movimento militar do 25 de Abril de 1974, a cujos ideais se manteve sempre ligado com absoluta coerência. 
Na operação libertadora que devolveu aos portugueses a Liberdade, a Democracia e a Paz, o então tenente-coronel do Exército Português tinha 38 anos de idade e era um dos mais graduados militares que, com grande coragem e patriotismo, estiveram no Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas, instalado num pavilhão do Regimento de Engenharia Nº 1, na Pontinha. Nessa medida, foi um dos mais determinantes militares que participaram na Operação Viragem Histórica, como responsável pela concepção e montagem das transmissões, uma área em que era perito por ser engenheiro, as quais asseguraram o sucesso das acções militares.
Após ter cumprido essa importante missão “regressou a casa”, mas as suas qualidades de inteligência e de competência “obrigaram-no” a aceitar os cargos de Chefe da Casa Militar do Presidente Eanes, de chefe do Estado-Maior do Exército e de presidente da Junta Autónoma de Estradas, onde o seu desempenho foi muito elogiado pela sua competência, coerência e frontalidade.
O general Garcia dos Santos foi um dedicado servidor da Democracia e dos ideais do 25 de Abril, que sempre defendeu com firmeza, designadamente como presidente da Assembleia Geral da Associação 25 de Abril, de que era sócio fundador, pelo que o seu nome figura, com toda a justiça, na galeria dos militares que mais se destacaram na preparação e na execução das operações do “dia inicial, inteiro e limpo”, como Sophia de Melo Breyner se referiu ao dia 25 de Abril de 1974.
Com o seu exemplo de coragem, de discrição e de inteligência, ele foi um dos grandes portugueses da sua geração e um dos símbolos maiores do 25 de Abril.

domingo, 6 de julho de 2025

Será que a China já ganhou?

É cada vez mais um lugar comum dizer-se que o mundo está sob os ventos da insegurança e da incerteza, não só devido aos conflitos que estão a desafiar a estabilidade em diversas regiões do globo, mas também por causa da rivalidade e da competição entre o Ocidente e o Oriente, ou entre o velho mundo que tem dominado o planeta e o novo mundo que está a despontar no continente asiático e que rejeita o modelo unipolar que tem dirigido o nosso planeta. A mais recente edição do Courrier International pergunta mesmo “se a China já ganhou” e, em subtítulo, escreve:
“Perante um Donald Trump errático que alienou parte do mundo, o regime chinês posiciona-se como um polo de estabilidade, tecendo pacientemente a sua teia. E parece mais forte do que nunca.”
A ilustração da capa desta edição é esclarecedora e “vale mais do que mil palavras”, com uma mancha de tinta vermelha em movimento que ameaça o planeta, pois já corre sobre a África e sobre a Europa, começando a cobrir o Atlântico.
A revista salienta que com a sua obcessão pelas tarifas alfandegárias, o presidente Donald Trump está a acelerar o advento de um “século asiático”, que está a ser construído em torno da China, acrescentando que essas tarifas se tornaram “a cola que une os países asiáticos”, levando-os a criar novos mecanismos de cooperação económica e comercial entre si.
Entretanto, a nossa Europa vai mergulhando na irrelevância, ou mesmo na decadência, com os seus dirigentes dominados por “esta vaidade a quem chamamos Fama”, como tão bem os definiu Luís de Camões, há quinhentos anos.

sábado, 5 de julho de 2025

Viva a independência de Cabo Verde

A República de Cabo Verde celebra hoje 50 anos de independência e está anunciada uma grande celebração oficial que conta com a presença de quatro chefes de Estado, entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa. Aqui, também saudamos essa efeméride e associamo-nos ao semanário Nação que se publica na Cidade da Praia.
O país consta de um arquipélago de dez ilhas com uma superfície total de cerca de 4.033 km2, que fica situado na costa ocidental africana na latitude do Senegal. Descoberto pelos navegadores portugueses e colonizado desde meados do século XV, o arquipélago esteve sob soberania portuguesa até à proclamação da sua independência no dia 5 de Julho de 1975. A reivindicação independentista foi dirigida por Amílcar Cabral e pelo PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), embora só tivesse tido expressão armada na Guiné. Porém, o sentido descolonizador do movimento do 25 de Abril em Portugal e os princípios da Carta das Nações Unidas, levaram a que, através do Acordo de Argel de 26 de Agosto de 1974, o governo português tivesse reconhecido formalmente "o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência".
Desde então, a República de Cabo Verde afirmou-se na cena internacional como um exemplo no contexto dos países africanos, com uma população instruída e com bons índices de desenvolvimento económico e social. O sentimento nacional é grande entre a população e “não há saudades do tempo colonial”, embora Portugal seja uma referência permanente para os cabo-verdianos, pela língua, pelas tradições culturais, pela memória histórica, pelos seus emigrantes que vivem em Portugal e pelo entusiasmo com o futebol, mas também por coisas que os portugueses muito apreciam como as mornas e coladeiras e por essa maravilha gastronómica que é a cachupa.
O país de Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Pedro Pires, Cesária Évora, Germano de Almeida, Corsino Fortes, Titina, Bana, B Leza, Tito Paris e tantas outras ilustres personalidades, é um grande país. E aqui neste velho Portugal, onde gostamos de chamar “nuestros hermanos” aos espanhõis e irmãos aos brasileiros, o que haveremos de chamar às gentes de Cabo Verde, que nos estão tão próximas histórica e culturalmente e que aprenderam connosco a dizer sodade?

Tour de France 2025: le départ et la fête!

A 112ª edição do Tour de France começa hoje em Lille e até ao dia 27 de Julho, os 204 ciclistas de 23 equipas irão percorrer 3.338,8 quilómetros distribuídos por 21 etapas. Dizem as crónicas que a corrida deste ano promete ser uma das edições mais emocionantes e exigentes da história recente, pela previsível luta entre o esloveno Tajed Pogacar (vencedor em 2020, 2021 e 2024), o dinamarquês Jonas Vingegaard (vencedor em 2022 e 2023) e o belga Remco Evenepoel, embora haja outros ciclistas dispostos a entrar nesta disputa, como Primoz Roglic, Adam Yates, Matteo Jorgenson e, naturalmente, o português João Almeida.
O Tour de France é a prova rainha do ciclismo mundial e é uma das provas desportivas que mais interesse despertam. A sua transmissão televisiva, que será assegurada pela RTP, é um “espectáculo dentro do espectáculo”, constituindo um programa de informação  turístico-cultural de grande qualidade.
Na prova deste ano participam os portugueses João Almeida e Nélson Oliveira e, naturalmente, espera-se que nos possam dar algumas alegrias.
Os portugueses não têm grande historial no Tour de France. Na classificação geral, Joaquim Agostinho é, até agora, o português mais bem classificado de sempre, com o 3.º lugar em 1978 e 1979. Seguem-se João Almeida com o 4º posto em 2024, José Azevedo com o 5.º posto em 2004 e Alves Barbosa com o 10.º lugar em 1956.
Este ano, o nosso João Almeida tem a obrigação contratual de ajudar Tajed Pogacar que é o seu chefe de equipa, mas todos esperamos que os dois portugueses possam juntar o seu nome ao dos cinco compatriotas que já venceram etapas no Tour de France: Joaquim Agostinho (4), Acácio da Silva (3), Rui Costa (3), Paulo Ferreira (1) e Sérgio Paulinho (1).
A corrida começa hoje e o jornal La Voix du Nord é apenas um dos jornais franceses que assinalou a partida desta grande festa desportiva dos franceses.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

R.I.P. Diogo Jota

Num terrível acidente de viação ocorrido ontem nas proximidades da cidade espanhola de Zamora, perdeu a vida o futebolista Diogo José Teixeira da Silva, conhecido no mundo do futebol como Diogo Jota e que era um talentoso futebolista português com sucesso internacional. No mesmo acidente também morreu o seu irmão André Silva de 25 anos de idade, que era futebolista do Penafiel.
Diogo Jota tinha 28 anos de idade e na sua carreira passara pelas equipas do Gondomar, Paços de Ferreira, Atlético de Madrid, F.C. Porto, Wolverhampton e, desde 2020, alinhava na equipa do Liverpool F.C., onde venceu uma Taça da Inglaterra, duas Taças da Liga Inglesa e a Premier League 2024-25. Fez parte das selecções nacionais de Sub-17, Sub-21, Sub-23 e, a partir de 2019, foi chamado à selecção nacional, ao serviço da qual fez 49 jogos, marcou 14 golos e ganhou duas Ligas das Nações de UEFA.
Num tempo em que a notoriedade mundial de Cristiano Ronaldo deixou na sombra muitos dos futebolistas portugueses de qualidade internacional, o talento de Diogo Jota foi reconhecido pelos adeptos do Liverpool que, na lógica específica do mundo do futebol, o veneravam.
A sua morte foi notícia destacada na imprensa portuguesa e na imprensa europeia, incluindo The Times, The Guardian, L´Equipe, La gazzeta dello Sport e outros periódicos, não só pelas suas qualidades humanas e futebolísticas, mas também pelo dramatismo do acidente que lhe roubou a vida e que é uma impressionante tragédia familiar. As imagens televisivas das homenagens que foram feitas a Diogo Jota e ao irmão, tanto em Portugal como na Inglaterra, demonstram o apreço com que todos o distinguiam. 
O futebol português ficou mesmo de luto.

EUA nos seus 249 anos de independência

Hoje é o Dia da Independência dos Estados Unidos, um dia que celebra a Declaração de Independência de 1776 assinada em Filadélfia pelas Treze Colónias, quando estas se sublevaram e declararam a separação do Império Britânico. É o feriado mais festejado nos Estados Unidos, mas a edição de ontem do USA TODAY antecipava a festa nacional americana e destacava que em seis pequenas cidades é “sempre” o 4 de Julho – Gallup (New Mexico), Bedford (Virginia), Bristol (Rhode Island), Audubon (New Jersey), Gettysburg (Pennsylvania) e Cooperstown (New York). 
De acordo com o jornal, a festa da independência nestas seis comunidades “recorda a glória – e o sacrifício – da liberdade” e evoca os nomes dos fundadores dos Estados Unidos, em especial Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin, mas também Abraham Lincoln, o 16º presidente dos Estados Unidos que preservou a União durante a Guerra Civil e conseguiu a emancipação dos escravos.
As festas do Dia da Independência nestas seis comunidades, como em nenhum outro lugar dos Estados Unidos, constam de paradas militares, de desfiles de bandas de música, de corporações de bombeiros e de majorettes sempre mostrando as cores vermelha, azul e branca da bandeira nacional americana, que é conhecida pela The Stars and Stripes.
Numa época de alguma turbulência nos Estados Unidos e de muita incerteza no mundo, o que se deseja é que o dia 4 de Julho de 2025 seja um dia de reflexão para os americanos e para as suas autoridades, no sentido de se encontrarem os caminhos que conduzam à paz no mundo.

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Preservando a memória lusíada em Macau

Não são muitos os portugueses que conheceram os territórios que, até 1951, constituíram o Império Colonial Português que, como então se dizia, ia do Minho a Timor, nem são muitos os que viram os benefícios da colonização e os malefícios do colonialismo. Independentemente das opiniões que cada português tenha sobre estas circunstâncias históricas, ninguém ignora que os portugueses deixaram marcas culturais intensas nas terras por onde passaram, visíveis na língua, nos costumes, no património edificado e nas mais diversas práticas culturais.
A cidade de Macau da República Popular da China é um exemplo de território onde permanecem as marcas culturais portuguesas. Em finais de 2024 o Instituto Cultural de Macau (IC) recomendou 12 manifestações culturais para serem integradas na lista do património cultural intangível, que incluía a Dança Folclórica Portuguesa e a Confecção de Pastéis de Nata. Essa lista foi sujeita a alargada consulta pública e os seus resultados foram agora revelados, designadamente pelo jornal Tribuna de Macau.
O IC recebeu 931 opiniões, tendo as 12 manifestações propostas obtido cerca de 70% ou mais de concordância, o que indica terem tido amplo apoio social. A inscrição da Dança Folclórica Portuguesa teve um apoio de 83,8%, por ser considerada “uma tradição antiga, que reflecte a diversidade cultural de Macau e o processo histórico”, além de que “faz parte da cultura única de Macau” e assinala os “laços históricos” com Portugal. Quanto à Confecção de Pastéis de Nata, verificou-se que houve 72,1% de opiniões favoráveis pois “reflecte a fusão das culturas chinesa e ocidental” e “representa a tradição e inovação culinária de Macau”. 
Aqui está um bom exemplo de preservação da memória portuguesa em terras asiáticas por iniciativa das respectivas autoridades.