quarta-feira, 31 de julho de 2019

Já começou a corrida à Casa Branca 2020

No dia 3 de Novembro de 2020, isto é, daqui a 15 meses, vai realizar-se a 59ª eleição presidencial nos Estados Unidos e os eleitores americanos irão escolher o seu novo presidente através de um colégio eleitoral, isto é, de forma indirecta. Até lá, num processo deveras complexo, realizar-se-ão as eleições primárias em cada um dos 50 estados americanos nas quais são escolhidos os delegados à convenção de cada um dos partidos políticos que, por sua vez, escolhe o seu candidato presidencial. É um processo demorado e desgastante, que requer avultados recursos financeiros e uma grande coragem para enfrentar todas as insinuações e acusações pessoais que, através dos media, vão desabar sobre cada um dos candidatos. Essa é a tradição americana, mas enquanto na década de 1940 prevalecia a teoria dos efeitos limitados dos mass media sobre os eleitores, enunciada por Paul Lazersfeld, actualmente essa influência, em especial devido aos mass media digitais, está muito mais sofisticada e mais eficiente. De resto, o director de uma estação televisiva portuguesa de nome Emídio Rangel, já em 1997 tinha afirmado que com 50% de audiência podia vender tudo, desde sabonetes ao Presidente da República. E tinha razão. O poder da caixa que mudou o mundo era devastador.
Portanto, a corrida presidencial americana não vai ser uma corrida de ideias ou de projectos mas, sobretudo, uma corrida de imagens veiculadas pelos mass media e por quem os controla.
Neste momento perfilam-se os primeiros candidatos à Casa Branca. Pelo Partido Republicano apresenta-se Donald Trump que procura a sua reeleição e que, aparentemente, não tem competidores... a não ser que surja qualquer imprevisto. Pelo Partido Democrático há cerca de duas dezenas de candidatos e de pré-candidatos que iniciaram uma longa caminhada, conforme hoje relata o Washington Post. Os candidatos terão de participar em muitos debates e de garantir apoios medidos por sondagens e, no fim, para enfrentar Donald Trump, o mais provável escolhido parece ser Joe Biden, ou Bernie Sanders ou Elizabeth Warren. Logo se vê.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

O Redondo e o encanto das ruas floridas

As Festas do Redondo e as suas ruas floridas estão a partir de hoje presentes naquela vila alentejana que dista cerca de 175 quilómetros de Lisboa para, durante nove dias, deslumbrarem os visitantes com uma extraordinária manifestação de cultura popular.  
Esperam-se mais de 500 mil visitantes para apreciarem as 28 ruas ornamentadas com flores e outros motivos figurativos com base em diferentes temáticas, que são confeccionados com papel colorido e que ocupam uma área urbana de cerca de 30 mil metros quadrados.
A festa é da iniciativa da população e dos seus moradores, embora tenha o apoio da autarquia, sobretudo no fornecimento de papel e de outros materiais. Centenas de moradores, em regime de voluntariado e durante muitos meses, organizam-se em cada uma das suas ruas, concebem a sua ornamentação com criatividade e imaginação, transformam toneladas de papel colorido em flores e outros elementos decorativos e, finalmente, tomam o espaço público da vila. O resultado é simplesmente deslumbrante.
As Festas do Redondo são justamente consideradas uma das grandes manifestações culturais do Alentejo e em 2013 foram distinguidas com o Prémio Evento Público 2013.
É um evento de excepcional qualidade cultural que se recomenda vivamente para visitar e que, naturalmente, não deixarei de apreciar uma vez mais.

A vitória da Colômbia no Tour de France

Terminou a 106ª edição da Volta à França e o vencedor foi um jovem colombiano de 22 anos de idade. Chama-se Egan Bernal e declarou ser “el tipo más feliz del mundo”, de acordo com o título do jornal El Heraldo, que se publica na cidade de Barranquilla. Nunca um ciclista tão jovem vencera aquela prova e, além disso, também foi a primeira vez que um praticante latino-americano venceu a mais famosa prova de ciclismo do mundo.
A Colômbia está em festa e em euforia, com toda a sua imprensa a dar um enorme destaque a este singular acontecimento da sua história desportiva, em que o futebol e os futebolistas têm absorvido a maior fatia da popularidade nacional. A juntar à vitória de Bernal, houve mais dois ciclistas colombianos que concluíram a prova nos dez primeiros classificados, o que torna a Colômbia uma potência ciclista no panorama mundial.
Egan Bernal tornou-se, provavelmente, no mais famoso colombiano de todos os tempos e é bem capaz de superar a notoriedade internacional do escritor Gabriel García Márquez. Embora estes dois cidadãos colombianos se encontrem em patamares de reconhecimento muito distintos e não comparáveis, os colombianos vão hesitar na escolha entre o vencedor do Prémio Nobel da Literatura de 1982 e o vencedor da Volta à França de 2019, como o símbolo maior do orgulho nacional e como figura agregadora da unidade colombiana.
Desportivamente, a prova foi muito disputada e os ciclistas franceses estiveram próximo de dar uma grande alegria aos seus compatriotas, enquanto as reportagens televisivas transmitiram o indescritível entusiasmo popular dos franceses e mostraram a riqueza paisagística e patrimonial da França.
Três ciclistas portugueses participaram na prova em que Rui Costa ficou em 52º lugar, Nélson Oliveira no 77º posto e José Gonçalves no 123º lugar da classificação geral. Estes fracos resultados não aconteceram por falta de apoio, pois nas bermas das estradas das montanhas pirenaicas e alpinas havia sempre muitas bandeiras portuguesas e muito incentivo aos corredores portugueses.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Uma imagem vale mais que mil palavras!

Depois de dois longos processos, um de saída ou não saída da União Europeia e, outro, de saída com ou sem acordo, a política britânica ficou desacreditada e o orgulhoso Reino Unido tornou-se numa coisa que envergonharia a Rainha Victoria. No seu episódio mais recente, o deputado Boris Johnson sucedeu a Theresa May na liderança do Partido Conservador e na chefia do governo do Reino Unido.
Theresa May foi um erro de casting ou um paradoxo político porque durante a campanha do referendo tinha defendido a permanência do Reino Unido na União Europeia e, depois, quando ocupou o nº 10 de Downing Street aceitou o resultado do referendo, isto é, antes esteve contra o Brexit, mas depois apoiou e negociou com Bruxelas esse mesmo Brexit.
Em Março de 2017 coube-lhe a missão de accionar o artigo 50 do tratado da União Europeia e de conduzir as negociações para o Brexit. O acordo alcançado com Bruxelas foi derrotado no Parlamento Britânico em Janeiro de 2019 e um acordo revisto foi também derrotado mais tarde, pelo que Theresa May se demitiu em Maio de 2019.
A saída de Theresa May e a entrada de Boris Johnson aumenta a incerteza quanto ao futuro e, aparentemente, as coisas que estavam a correr mal vão correr pior, não só pelo radical-populismo de Johnson e o seu persistente apoio ao Brexit, mas também por ser uma figura polémica e extravagante. De resto, tratou imediatamente de afastar do governo metade dos ministros de Theresa May e rodeou-se de convictos apoiantes do Brexit. Porém, de Bruxelas veio o aviso de Jean-Claude Juncker de que o acordo de saída não é renegociável, enquanto de Edimburgo falou Nicola Sturgeon a reclamar com vigor por um novo referendo sobre a independência da Escócia e a declarar Johnson como “o último primeiro-ministro do Reino Unido”.
Na sua última edição a revista The Economist colocou Boris Johnson a entrar numa montanha-russa, uma atracção popular dos parques de diversão urbanos em que há saltos, quedas e loopings imprevistos, com tudo muito confuso, muito incerto e sem que se saiba como tudo chega ao fim.
Poucas vezes uma imagem foi tão expressiva daquilo que espera os britânicos nos próximos tempos: here we go!

As alterações climáticas afectam a Europa

Já ninguém duvida de que as alterações climáticas se tornaram num dos grandes problemas da Humanidade, até porque os seus efeitos afectam cada vez mais a vida quotidiana das pessoas, como nas últimas semanas se está a verificar no centro da Europa. Já não são as imagens distantes do degelo nas regiões polares, nem a perda de caudais dos rios ou a secura de lagos, nem a desertificação de extensos territórios. Agora é o calor extremo em regiões ditas temperadas, como são classificadas as regiões europeias.
Depois da onda de calor que afectou a Europa no mês passado, que foi considerado o mês de Junho mais quente já registado no mundo, uma nova onda de calor resultante de uma massa de ar quente vinda do deserto do Sahara está nesta semana a sufocar alguns países europeus, nomeadamente a França, a Alemanha, a Bélgica, a Holanda, a Inglaterra e a Espanha, com temperaturas da ordem dos 40ºC. A cidade de Paris registou ontem 42,6ºC, uma temperatura que ultrapassa o máximo de 40,4ºC que fora registado no dia 28 de Julho de 1947 e, na Bélgica, as temperaturas atingiram um recorde histórico pois os termómetros marcaram 40,2ºC em Liége, a mais alta temperatura que foi observada no país desde 1833! Da mesma forma, na Holanda e na Alemanha também foram atingidas temperaturas máximas nunca antes verificadas e que constituem recordes históricos.
Os diferentes serviços meteorológicos nacionais e as autoridadesa locais têm avisado as populações afectadas que, conforme nos mostram as imagens televisivas, correm para as piscinas e para as fontes, para as sombras dos jardins ou para os estabelecimentos comerciais com ar condicionado.
Agora já não há dúvidas: as alterações climáticas são mesmo para levar a sério.

terça-feira, 23 de julho de 2019

As missões lunares e o combate à pobreza

A Índia lançou com sucesso uma missão lunar com o foguete GSLV Mark III a partir da plataforma de lançamento do Centro Espacial de Satish Dhawan, instalado em Sriharikota, no estado de Andhra Pradesh, no sul da Índia. Trata-se de uma missão não tripulada que é o mais ambicioso projecto da agência espacial indiana, que foi baptizada como Chandrayaan-2 e que tem como objectivo uma alunagem para fins científicos na região do polo sul da Lua. Trata-se da segunda missão indiana de exploração lunar, uma vez que a missão Chandrayaan-1 realizada em Novembro de 2008 já colocara um engenho na órbita lunar.
Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, felicitou os quase mil cientistas envolvidos no projecto e congratulou-se por ter sido “fully indigenous”, isto é, ter sido realizado sem intervenção estrangeira. A agência espacial indiana espera agora que a aeronave pouse sobre a superfície lunar dentro de 48 dias, depois de percorrer os 384 mil quilómetros que separam a Terra da Lua. Se tiver sucesso, a Índia será o quarto país a desembarcar na Lua, depois da Rússia, dos Estados Unidos e da China.
Este acontecimento que, naturalmente, teve grande repercussão mediática na Índia, demonstra o elevado nível de desenvolvimento científico e tecnológico do país, mas também revela a sua ambição geoestratégica para se afirmar em relação aos seus vizinhos e rivais, sobretudo a China e o Paquistão, e para se assumir como a potência regional do oceano Índico.
Porém, o enorme investimento indiano nas tecnologias espaciais, suscita fortes críticas internas e internacionais porque esta utilização de recursos poderia ser canalizada para o combate à pobreza, que na Índia afecta muitos milhões de pessoas. A famosa opção entre “canhões ou manteiga”, expressa pelo economista Paul Samuelson quanto ao desenvolvimento económico, tem na Índia uma semelhança ou uma analogia entre “missões lunares” ou “redução da pobreza”.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Os incêndios florestais estão de volta

Na sua edição de Badajoz, o jornal Hoy publica hoje na sua primeira página uma fotografia a seis colunas dos incêndios florestais que estão a afectar a região centro de Portugal, com a legenda “los incendios de Portugal llenan de humo Extremadura”. Acontece que o fumo derivado desses grandes incêndios que estão a acontecer nas florestas portuguesas em conjugação com as condições atmosféricas locais, deram origem a um “nuvem” que cobriu uma boa parte da Extremadura espanhola e afectou algumas localidades, como as cidades de Badajoz, Cáceres e Mérida.
Depois dos catastróficos incêndios de 2017 e das inúmeras medidas tomadas, a dimensão dos actuais incêndios é surpreendente. No entanto, o excesso de informações e de directos televisivos, bem como as repetidas declarações dos deslumbrados comandos da Protecção Civil, dos autarcas, dos bombeiros e da população, não nos ajudam a compreender o que realmente se passa, porque ora nos dizem que está quase tudo controlado, ora nos informam que há reacendimentos. Dizem-nos que há centenas de operacionais e de meios aéreos envolvidos, mas também nos dizem que os meios são insuficientes. O cidadão comum tem dificuldade em saber o que de facto se passa.
Desta vez, a luta e o aproveitamento político parecem estar ausentes dos teatros de operações e a Cristas ainda não apareceu a dar palpites. Ainda bem. Deixem trabalhar os Bombeiros. O que há a fazer agora é combater as chamas e só depois se deverão fazer balanços e comparações. Já o pequeno Marques Mendes, esse “comerciante político” como lhe chamou Carlos César, não se conteve e tratou de dizer que “há muito boa gente que está indignada com o que se está a passar, com a forma com que tudo isto uma vez mais está a acontecer. Parece que tem semelhanças com há dois anos. Parece que afinal nada mudou“. Porque é que essa criatura não espera para saber o que se passou e fala depois? Porquê essa mania deste pequenote se pôr em bicos dos pés e falar de tudo, mesmo daquilo que não sabe? 

Nova Iorque está sob uma onda de calor

No passado fim-de-semana a cidade de Nova Iorque, tantas vezes coberta de neve no Inverno, esteve sob uma invulgar onda de calor e a sofrer os efeitos das alterações climáticas. O jornal New York Post anunciou a temperatura de 110ºF (43,3ºC), informando que o sábado foi o dia mais quente do ano desde 2011. Por outro lado, o Daily News destacava que a cidade estava a derreter e que o mercúrio dos termómetros passava para além dos 100ºF (37,7ºC), tendo recorrido a uma frase popular para caracterizar o desespero dos nova-iorquinos - “sun of a bitch” – que em português popularucho poderá ser traduzido, entre outras traduções menos suaves, por “um calor do caraças”.
Na realidade, uma onde de calor muito severo está a assolar o centro e a costa Leste dos Estados Unidos e os termómetros têm registado temperaturas superiores a 40ºC, enquanto as autoridades de Nova Iorque, Boston, Filadélfia, Baltimore e Washington já decretaram o estado de emergência nas respectivas cidades. Muitos eventos programados foram cancelados e as populações estão a ser avisadas quanto às precauções que devem tomar.
Espera-se que o Donald esteja na costa Leste e que, apesar de estar ao abrigo e no conforto do ar condicionado, fique mais sensibilizado para reconsiderar e mudar de posição em relação aos acordos de Paris de 2015 sobre a redução da emissão de gases de estufa, a fim de travar o aquecimento global que afecta todo o planeta, como agora se vê numa das regiões mais prósperas do mundo.
Em Junho de 2017 o Donald decidiu retirar-se dos acordos de Paris, mas pode ser que agora apanhe uma caloraça das grandes e mude de ideias sob a pressão dos seus concidadãos, o que de resto aconteceu no Brasil onde a intenção declarada do Jair de abandonar os acordos de Paris foi contrariada pelos brasileiros. Oxalá!

domingo, 21 de julho de 2019

Sevilha procura protagonismo na História

As celebrações da viagem iniciada em 1519 por Fernão de Magalhães para chegar às Molucas por ocidente e que foi concluída por Juan Sebastián Elcano em 1522, continuam a gerar alguma polémica em que se tem destacado o jornal conservador espanhol ABC que, em 10 de Março de 2019, deu guarida e difundiu um dictamen da Real Academia de la História de España em que era afirmado que “es incontestable la plena y exclusiva españolidad” da primeira volta ao mundo e que “todo en la 1ª vuelta al Mundo fue español”. Esta visão ultranacionalista e errada da História até em Espanha foi condenada e se escreveu que eram “actitudes aldeanas, típicas de rivalidades de Villariba y Villabajo, dignas de un profundo estudio antropológico”.
O assunto parecia ter serenado, não só por ser ridículo, mas também porque os governos de Portugal e de Espanha acordaram em patrocinar celebrações comuns. Porém, na sua edição sevilhana de hoje, o mesmo jornal ABC veio fazer a apologia de Sevilha como o “cabo Canaveral de la vuelta al mundo”, fazendo uma analogia entre a viagem da Apollo 11 que há 50 anos levou o homem à Lua e a viagem iniciada por Magalhães há 500 anos. Esta analogia até pode fazer algum sentido para os conservadores espanhóis e para a promoção da capital da Andaluzia, mas não tem nada de original porque a descoberta do mundo sempre serviu para fazer comparações e para glorificar navegadores. Já em 1776 o economista Adam Smith escreveu que “a passagem do cabo da Boa Esperança por Bartolomeu Dias e a chegada às Antilhas por Colombo foram os maiores e mais importantes acontecimentos da História”, enquanto o filósofo inglês Arnold Toymbee afirmou que a viagem de Vasco da Gama representou o início da era gâmica, em que o ocidente e o oriente se uniram por mar. E há muitos mais autores internacionalmente respeitados que têm utilizado as navegações oceânicas portuguesas como o fenómeno que deu origem ao mundo global do nosso tempo.
Portanto, se assim o entenderem, os conservadores espanhóis até podem escolher outros cabos canaverais não só em Sevilha, mas também em Palos de la Frontera ou em Sanlúcar de Barrameda, tal como podem trocar Colombo por Pinzón ou Magalhães por Elcano. O ridículo não paga imposto.

O Tour e a loucura festiva dos franceses

O Tour de France é o maior acontecimento desportivo francês e provoca um entusiasmo popular único, levando milhões de pessoas à berma das estradas ou às encostas das montanhas em indescritível delírio, mas é também um espectáculo televisivo de grande interesse cultural e turístico que, ao longo das etapas, descobre as melhores paisagens naturais e o rico património construído francês. Em termos desportivos e desde 1903, o Tour de France consagrou ciclistas que ficaram célebres pelas suas vitórias como Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Miguel Indurain e muitos outros, mas o facto é que desde 1985, quando Bernard Hinault conquistou a sua quinta vitória na prova, já lá vão 34 anos, que nenhum atleta francês consegue triunfar na “rainha de todas as corridas ciclistas do mundo” e entrar em Paris com o maillot jaune.
Este ano, com a ausência forçada do ciclista inglês Chris Froome, que era o mais destacado favorito para vencer a corrida, os outros corredores agigantaram-se e, apesar de só estarem disputadas 14 das 21 etapas que a prova inclui, a França e a sua imprensa já não disfarçam a euforia que os está a tomar de assalto. Ontem, na etapa que decorreu na região pirenaica e terminou no clássico cume do Tourmalet, os ciclistas franceses Thibaut Pinot e Julian Alaphilippe chegaram à frente. Tal como Richard Nixon esperou Armstrong e Aldrin quando em 1969 regressaram da sua viagem à Lua, também Emmanuel Macron esperou Pinot e Alaphilippe no Tourmalet para simbolizar o orgulho dos franceses nos seus ciclistas, ou apenas por gosto pessoal, ou para aproveitar este acontecimento para melhorar a sua imagem pública. O jornal Le Parisien é apenas um dos diários franceses, nacionais ou regionais, que hoje destaca o entusiasmo dos franceses e escolheu para título Le Tour des Français.

sábado, 20 de julho de 2019

O radical Boris e a sua luta pelo Brexit

A edição de hoje da revista alemã Der Spiegel foi buscar inspiração à revista americana Mad, que foi criada em 1952 e teve grande sucesso ao apostar no humor satírico. Assim, decidiu utilizar o mesmo lettering e a mesma imagem da Mad para caricaturar e ridicularizar Boris Johnson, ex-mayor de Londres e Secretário de Estado para os Assuntos Externos e Commonwealth entre 2016 e 2018, no governo de Theresa May.
Boris Johnson é uma personagem extravagante de 55 anos de idade, mas é o favorito para suceder a Theresa May como líder do Partido Conservador e como primeiro-ministro britânico, sendo um apoiante do Brexit, com ou sem acordo, prometendo concretizá-lo na data prevista de 31 de Outubro. O seu adversário directo é Jeremy Hunt que parece ser bem mais moderado e que o substituíu no mesmo cargo no governo britânico. Dentro de três dias será conhecida a decisão dos cerca de 160 mil membros do Partido Conservador, ou seja, serão apenas 160 mil britânicos a decidir quem será o novo primeiro-ministro e passará a dirigir o Brexit. A imprensa britânica tem tomado posição a favor de um ou de outro candidato, mas a revista Der Spiegel também entrou na campanha e explica como Johnson tem incitado os seus compatriotas contra a Europa.
Boris Johnson é, de facto, a figura da campanha pelo seu radicalismo e tem o apoio de Donald Trump que já disse achar que ele fará um óptimo trabalho e estar ansioso por trabalhar com ele, mas este apoio pode bem vir a ter um efeito preverso. Por outro lado, o antigo primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que por acaso é escocês, já declarou que Johnson pode vir a ser o último primeiro-ministro de “um reino unido”, pois a sua vitória pode significar a desagregação do Reino Unido e o fim da união com a Escócia que tem cerca de 300 anos.
Entretanto, o lider trabalhista Jeremy Corbyn já vem pedindo um segundo referendo, mas passou muito tempo na expectativa e agora parece ser tarde para que o Parlamento adopte outra via.
O facto é que o Brexit se tem revelado uma trapalhada e com a provável vitória de Boris Johnson, a trapalhada irá dar origem a uma derrocada de contornos imprevisíveis mas muito graves, o que aliás é sugerido pela caricatura de Boris no Der Spiegel.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

O homem na Lua: o sonho comanda a vida

No dia 16 de Julho de 1969, no Centro Espacial John Kennedy, a NASA (National Aeronautics and Space Administration) procedeu ao lançamento de um voo tripulado que constituiu a missão Apollo 11, cujo objectivo era levar um homem à Lua pela primeira vez. A bordo seguiam os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins. No dia 19 de Julho Armstrong e Aldrin conduziram o módulo lunar Eagle para a superfície da Lua, enquanto o módulo de comando Columbia tripulado por Collins, orbitava em torno da Lua.
A aproximação à superfície lunar e o momento em que Neil Armstrong desceu do módulo foram transmitidos em directo pela televisão para todo o mundo, tendo sido então que o comandante da missão pronunciou a famosa frase: “é um pequeno passo para um homem, mas um passo gigante para a humanidade”. Os astronautas permaneceram cerca de duas horas no solo lunar para recolher amostras e, depois de deixarem implantada no solo uma bandeira dos Estados Unidos, navegaram para o módulo de comando Colúmbia, de onde tinham estado afastados cerca de 21 horas. O êxito fora completo. No dia 24 de Julho os astronautas foram recolhidos no oceano Pacífico pelos helicópteros do porta-aviões Hornet, onde se encontrava o presidente Richard Nixon a felicitá-los.
O objectivo traçado em 1961 pelo presidente John Kennedy de, antes do fim da década, colocar um homem na Lua e trazê-lo em segurança de regresso à Terra estava cumprido e, desde então e até Dezembro de 1972, outras missões Apollo levaram doze astronautas americanos a pisar a Lua.
Estão decorridos 50 anos sobre essa extraordinária façanha científica e o mundo está a recordá-la também como um grande feito histórico. Desde há alguns dias que a imprensa internacional, sobretudo americana, vem destacando o tema com muitas reportagens, embora seja amanhã o grande dia em que não faltarão nos jornais as fotografias do passeio de Armstrong na superfície lunar. O inspirado poeta António Gedeão, referindo-se aos avanços científicos da humanidade na sua Pedra Filosofal, refere “o desembarque em foguetão na superfície lunar”, escrevendo que “o sonho comanda a vida” e que “sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança”.
Foi o que aconteceu no dia 19 de Julho de 1969. Assisti em directo pela televisão a esse acontecimento que aqui evoco por antecipação, quando uma nova campanha de viagens à Lua se anuncia nos Estados Unidos e em outros países.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Ursula é o novo rosto para a nova Europa

O Parlamento Europeu aprovou ontem com 383 votos a favor, 327 contra, 22 abstenções e um voto nulo, a nomeação de Ursula von der Leyen para presidir à Comissão Europeia e suceder a Jean-Claude Juncker a partir de 1 de Novembro de 2019. Foi uma aprovação tangencial (52%), tendo ficado apenas nove votos acima do limiar exigido de 374 votos para conseguir a maioria, o que mostra que houve dificuldades para obter consensos.
A actual ministra da Defesa da Alemanha tinha sido proposta para este cargo pelo Conselho Europeu no passado mês de Junho, quando se posicionavam vários candidatos apresentados pelas diferentes famílias políticas com assento no Parlamento Europeu.
Apesar de ter muitos críticos, inclusive na Alemanha, a vitória de Ursula von der Leyen foi saudada pelos parlamentares e hoje é a notícia do dia na imprensa europeia, por exemplo no diário luxemburguês Le Quotidien, que destaca as palavras que a indigitada presidente da Comissão Europeia pronunciou após a votação realizada em Estrasburgo:
"A confiança que colocam em mim é a confiança que colocam na Europa. Confiança numa Europa unida e forte, de leste a oeste, de sul a norte. A confiança numa Europa pronta a lutar pelo futuro, não uns contra os outros.”
Eu gostei desta declaração e, por agora, é quanto me basta. De resto, tanto o Presidente da República como o governo português se congratularam com a escolha de Ursula von der Leyen, que tem 60 anos de idade, é vincadamente pró-europeia, poliglota, médica, mãe de sete filhos e que vai ser a primeira mulher a presidir à União Europeia. Apesar dos desafios que vai enfrentar para unir e fortalecer a Europa e para resistir às contínuas pressões vindas de oriente e de ocidente, a nova presidente não vai ter dificuldades em fazer melhor que os seus antecessores da era pós-Jacques Delors, isto é, Jacques Santer, Romano Prodi, José Barroso e Jean-Claude Juncker.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Wimbledon: um torneio para a história

O Torneio de Wimbledon é o mais antigo torneio de ténis do mundo, tendo sido organizado pela primeira vez pelo All England Lawn Tennis and Croquet Club em 1877 no bairro de Wimbledon, da cidade de Londres. O prestígio internacional deste centenário torneio é singular, pois exceptuando a regata Oxford-Cambridge e a America’s Cup, são muito poucas as provas desportivas que tendo começado a disputar-se no século XIX tenham chegado ao século XXI.
No âmbito específico do ténis, o Torneio de Wimbledon, juntamente com o Australian Open, o Torneio de Roland Garros e o US Open, constituem o conjunto de torneios designados por Grand Slam.
No historial de Wimbledon o suiço Roger Federer já averbara oito vitórias, enquanto o sérvio Novak Djokovic já vencera quatro vezes. Ontem disputou-se a final da 133ª edição desta prova e aqueles dois famosos tenistas a que o jornal L’Équipe chamou super héros encontraram-se. Foi uma final que a imprensa considerou épica, histórica e memorável, pois foram necessários cinco sets e a partida durou 4 horas e 55 minutos, o que fez dela mais longa final da história de Wimbledon.
Novak Djokovic, que actualmente é o líder do ranking mundial, foi mais feliz e venceu ao fim de uma longa maratona. Ganhou dois sets por 7-6 e perdeu os outros dois por 1-6 e 4-6. Na 5ª partida que foi muito equilibrada, Federer esteve mais próximo do triunfo mas desperdiçou dois match points, o que não é nada habitual, enquanto Djokovic ganhou no tie break final.
Roger Federer foi melhor em quase tudo, tendo feito mais aces (25 a 10) e mais pontos (218 a 203), mas inesperadamente falhou nos tie-breaks. Com 37 anos de idade e com um palmarés de 20 vitórias em torneios do Grand Slam (contra 18 de Rafael Nadal e 16 de Novak Djokovic), declarou depois do final da partida que “estou aqui, estou de pé e isto ainda não acabou”. O ténis mundial vai continuar animado!

Os portugueses são campeões do mundo

O desporto é um dos fenómenos sociais mais relevantes do nosso tempo, embora esteja cada vez mais dominado por interesses diversos, alguns deles bem perversos. Porém, o que é inquestionável é a riqueza estética do espectáculo desportivo e as emoções que suscita, muitas delas traduzidas em rivalidades e em hostilidades condenáveis, mas outras bem positivas. Foi o que sucedeu ontem em Barcelona com a vitória portuguesa no Campeonato do Mundo de hóquei em patins, depois de 16 anos de interregno e de seis vitórias espanholas nos últimos sete campeonatos, que gerou uma enorme alegria nas bancadas onde se encontravam muitos portugueses e que as televisões não se cansaram de enaltecer em todos os noticiários. Depois de ter defrontado as equipas da Colômbia, do Chile e da Argentina na primeira fase, a equipa portuguesa encontrou as poderosas equipas da Itália e da Espanha nas fases seguintes e chegou à final, onde reencontrou a Argentina. Tal como acontecera na primeira fase, o resultado foi um empate, mas no desempate por grandes penalidades conseguiu o triunfo que constitui o seu 16º título mundial. Segundo refere toda a imprensa o artífice principal deste triunfo foi o guarda-redes Ângelo Girão que parece ter uma especial habilidade para defender grandes penalidades.
Portugal tem agora 16 vitórias nos 44 campeonatos mundiais já disputados, enquanto a Espanha tem 17, a Argentina 5, a Itália 4 e a Inglaterra 2, mas a selecção portuguesa é a que mais vezes subiu ao pódio: 44 vezes.
O prestígio de Portugal no mundo mede-se pela qualidade da sua democracia, pela sua estabilidade social, pelo seu desenvolvimento económico, pela sua riqueza cultural, pela aposta na ciência, pelos seus combates contra a desigualdade e a pobreza, pela protecção do ambiente e da paisagem, pelo valor do seu património arquitectónico e por muitos outros indicadores, mas também pelos êxitos desportivos das suas equipas e dos seus atletas. Ontem, em Barcelona foi apenas mais um, embora o título do jornal A Bola seja um notório exagero, quase a roçar o ridículo.

domingo, 14 de julho de 2019

A Turquia e a NATO: um grande problema

A Turquia começou a receber as primeiras componentes do sistema de defesa aéreo russo S-400, que foram transportados a bordo de três aviões Antonov-124 para a base aérea turca de Murted. Estima-se que a operação fique concluída no fim do Verão, quando estiverem instalados os 120 mísseis que compõem o sistema.
A compra deste moderníssimo sistema pelos turcos deixou a NATO muito inquieta, ou mesmo em sobressalto, porque a Turquia é o mais antigo dos membros não fundadores da organização e é considerada, desde 1952, como o pilar sueste da Aliança atlântica, além de possuir o segundo exército mais numeroso de entre todos os membros da NATO. Porém, desde que os islamitas chegaram ao poder em 2002 e, sobretudo actualmente, com a presidência de Recep Erdogan, os turcos tornaram-se críticos de muitas posições da NATO e dos Estados Unidos, nomeadamente no Afeganistão, na Síria, na Líbia e no apoio aos curdos.
A aproximação russo-turca começou depois da tentativa de golpe de estado turco de Julho de 2016, quando a Turquia e a Rússia ainda eram adversários no conflito sírio, mas segundo o jornal Le Monde há muitas coisas em comum entre “o novo czar” e o “novo sultão”, pelo que o entendimento entre ambos parece ser natural. Entretanto, a administração americana deu um prazo à Turquia para renunciar a esta aquisição, sob pena de severas sanções económicas, incluindo o cancelamento do programa de construção de aviões F-35, que prevê a participação de empresas turcas.
Ao receber as primeiras componentes do sistema S-400, a Turquia assume a sua escolha geoestratégica e enfrenta as orientações estratégicas da NATO. Porém, os estatutos da NATO não prevêem a possibilidade de exclusão de um estado-membro, nem mesmo de o suspender, mas a purga feita nas Forças Armadas turcas pelo regime de Erdogan a pretexto no seu envolvimento no golpe de 2016, já vinha marginalizando a Turquia.
É um problema novo e sem precedentes na história da NATO. Como diz o Le Monde “jouer sur les deux tableaux ne sera pas longtemps possible”.

sábado, 13 de julho de 2019

A Bolívia escolhe parcerias com a Rússia

A Bolívia é um país encravado no centro-oeste da América do Sul que tem 1098 mil km2 de superfície e pouco mais de dez milhões de habitantes de uma população multiétnica em que cerca de 15% é de origem europeia.
O país é independente desde 1825, faz fronteira com o Brasil, com o Perú, com o Paraguai e com o Chile e é atravessado pela cordilheira andina. Não tem saída para o mar, embora em 1953 o Chile lhe tenha concedido um porto livre em Arica, com direitos alfandegários especiais e extensos espaços para instalação de armazéns.
O país afirma-se constitucionalmente como o Estado Plurinacional da Bolívia e é uma república presidencialista unitária. Em finais de 2005 as eleições presidenciais foram ganhas por Evo Morales, um líder sindical dos cocaleros ou produtores de coca, tornando-se no primeiro presidente boliviano de origem indígena. Desde então, o presidente Evo Morales ganhou todas as eleições a que se submeteu. É um presidente polémico que frequentemente usa roupas tradicionais bolivianas e que tem enfrentado os Estados Unidos com a sua política de nacionalizações e de reforma agrária. Amigo de Fidel Castro, de Lula da Silva, de Néstor Kirchner e, sobretudo, de Hugo Chavez, o presidente Evo Morales reforçou agora a sua aliança estratégica com a Rússia através de sete acordos, conforme noticiou o diário La Razón. A Bolívia possui a terceira maior bacia de gás natural da América do Sul e essa circunstância não deixou os russos indiferentes. Assim, no recente encontro que Evo Morales e Vladimir Putin tiveram em Moscovo, entre outros acordos, foi acordado o reforço do investimento russo na Bolívia através da Acron e da Gazprom, as duas grandes empresas russas de gás natural e de serviços petrolíferos. Como ponto dominante dos acordos foi salientado que, a partir de 2023 e durante 20 anos, a Bolívia fornecerá 2,2 milhões de metros cúbicos por dia à Acron.
Embora não estejamos em tempo de guerra fria, parece que o descalabro do fim da União Soviética já lá vai e que o orgulho e a influência russa reapareceram, por exemplo na Síria, na Turquia, na Venezuela e agora na Bolívia. A promessa do Donald de fazer a America great again parece que vai ficando adiada.

Guterres solidário com Moçambique

No passado mês de Março o ciclone tropical Idai atingiu a região centro de Moçambique e em especial as províncias da Zambézia, Sofala, Manica, Tete e Inhambane e, no mês seguinte, o ciclone tropical Henneth assolou o norte do território nas províncias de Cabo Delgado e Nampula. Foram os ciclones tropicais mais intensos e mais devastadores que atingiram Moçambique desde que há registos e os seus efeitos foram trágicos, contabilizando-se em algumas centenas de mortes, cerca de dois milhões de desalojados ou de pessoas a necessitar de ajuda humanitária e avultados prejuízos materiais cuja reconstrução está orçamentada em cerca de 3 mil milhões de euros.
Nesta emergência nacional, o país teve a solidariedade internacional e, nos últimos dias, o apoio solidário do secretário-Geral das Nações Unidas que visitou Moçambique durante três dias para ver pessoalmente as consequências da passagem daqueles ciclones, tendo nessa oportunidade tido encontros com o presidente Filipe Nyusi e com vários membros do governo moçambicano.
António Guterres foi eloquente e claro, pedindo mais apoio internacional para a reconstrução de Moçambique e salientando que as ajudas até agora anunciadas são insuficientes pois faltam ainda cerca de 2 mil milhões de dólares para completar o orçamento. Numa intervenção feita na cidade da Beira, António Guterres frisou que a resposta da comunidade internacional “deve corresponder à coragem e determinação com que o povo moçambicano enfrentou a força das duas calamidades naturais”. Disse Guterres que “Moçambique praticamente não contribui para o aquecimento global, mas que está na primeira linha das vítimas desse mesmo aquecimento global. Isso dá-lhe o direito de exigir da comunidade internacional uma forte solidariedade e um forte apoio quer na resposta aos dramas criados pelas tempestades que assolam o país, quer na preparação e reconstrução do país para as situações futuras”.
O diário Moçambicano O País publicou a fotografia do encontro entre António Guterres e Filipe Nyusi, destacando a frase “Moçambique tem autoridade moral para exigir mais”.

quinta-feira, 11 de julho de 2019

As guerras americanas não valem a pena

O Pew Research Center, um think tank localizado em Washington, decidiu estudar o sentimento dos americanos relativamente às políticas militares da administração Trump e à participação americana nos conflitos militares no Médio Oriente, em especial no Iraque, no Afeganistão e na Síria. Esse estudo baseou-se num inquérito em que participaram quase 1300 veteranos de guerra e cerca de 1100 americanos comuns representativos da opinião pública e os seus resultados foram revelados na edição de hoje do diário USA Today  
Os resultados foram surpreendentes e mostraram que 57% dos veteranos de guerra apoiam as políticas militares de Donald Trump, mas que a mesma percentagem de 57% dos americanos adultos não aprovam a liderança militar de Donald Trump. No caso dos veteranos de guerra, que são uma faixa populacional com grande influência social nos Estados Unidos, os resultados ainda foram mais inesperados porque a maioria dos veteranos acredita que as guerras no Iraque (64%), no Afeganistão (58%) e o envolvimento militar na Síria (55%) “não valeram a pena”, segundo verificou o inquérito do Pew. Embora esta pesquisa tivesse sido efectuada antes da mais recente crise com o Irão, ela vem agora reforçar a relutância ou a hesitação que Donald Trump mostrou quanto ao uso da força militar contra o regime iraniano, isto é, no desenvolvimento das acções militares não basta ter boas capacidades operacionais e logísticas, alguns porta-aviões, modernos aviões Lockheed Martin F-22 Raptor e muitos Tomahawks, mas é necessária uma vontade nacional de suporte à decisão política. Nesse aspecto, parece que os Estados Unidos estão divididos entre intervencionismo e não intervencionismo, ou entre “canhões ou manteiga”, segundo a expressão criada por Paul Samuelson para caracterizar as principais alternativas para utilização de recursos escassos. Porém, em tempo de pré-campanha presidencial, o que manda mesmo são as posições da opinião pública que as sondagens vão revelando.

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Os novos submarinos nucleares franceses

O diário francês Charente Libre que se publica na cidade de Angoulême dedica a sua edição de hoje ao lançamento à água do submarino Suffren, a primeira unidade de ataque de propulsão nuclear (SNA) destinado à Marinha francesa, que vai acontecer nos próximos dias com a presença do presidente Emmanuel Mácron.
A nova unidade foi construída em Cherburgo pelo Naval Group à Ruelle sur Trouve (antigo DCNS), é do tipo Barracuda, tem um deslocamento de 5.300 toneladas, pode alojar pessoal feminino na sua guarnição e pode navegar 70 dias em absoluta autonomia a 350 metros de profundidade. Depois das doze unidades de propulsão convencional vendidas à Austrália, o Suffren é o primeiro de uma série de seis novas unidades de ataque capazes de lançar mísseis de cruzeiro e de transportar forças especiais, o que permite que a Marinha francesa dê um saut générationnel. Os SNA do tipo Barracuda começarão a entrar ao serviço no Verão de 2020 e irão substituir os seis submarinos da classe Rubis que estão operacionais desde o início dos anos 1980. A factura desta encomenda, inicialmente avaliada em 7,9 é agora de 9,1 mil milhões de euros para o desenvolvimento e construção de seis submarinos, o último dos quais deverá entrar ao serviço em 2030.
Segundo refere o Charente Libre o submarino Suffren surge num contexto de crescimento do número de submarinos no mundo, que actualmente são mais de 450. Enquanto americanos, russos, chineses, britânicos e franceses possuem SNA, vários outros países como a Índia e a Austrália procuram renovar as suas frotas submarinas convencionais e outros, como a Malásia e o Vietnam, procuram ter os seus primeiros submarinos.

terça-feira, 9 de julho de 2019

Unesco classificou dois bens portugueses

O Palácio Nacional de Mafra e o Santuário do Bom Jesus do Monte em Braga foram declarados como bens culturais importantes durante a 43ª sessão do Comité do Património da Unesco realizada em Baku, no Azerbaijão, passando a integrar a respectiva lista do Património Mundial. Desta forma, são agora 17 os monumentos ou locais portugueses classificados pela Unesco, o que é um motivo de grande regozijo nacional, embora também seja uma responsabilidade acrescida para os portugueses e para as suas instituições com intervenção na área do património cultural, na medida em que implica mais atenção quanto à sua preservação e manutenção.
No caso de Mafra foi classificado o conjunto composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra, o que abre perspectivas de valorização futura desta região e deste importante conjunto patrimonial. Mafra partilhou a satisfação e os festejos com Braga, pois o Santuário do Bom Jesus do Monte também foi classificado. pela Unesco.
Havia 35 propostas para serem apreciadas em Baku e, segundo relatou a imprensa, especialmente o Público que chamou o tema à sua primeira página, as duas candidaturas portuguesas suscitaram dúvidas que foram esclarecidas e permitiram a sua aprovação. Uma outra candidatura que também foi aprovada era brasileira e propunha a classificação do Centro Histórico de Paraty e a Ilha Grande, o que faz com que a lista dos chamados “patrimónios mundiais de origem portuguesa no mundo” também tenha sido aumentada.
Significa que das 35 candidaturas apreciadas em Baku, três “falavam” português, o que é muito significativo.

domingo, 7 de julho de 2019

O “regresso” de Elcano ao País Basco

A expedição de cinco navios comandada por Fernão de Magalhães, que tinha por objectivo a descoberta do caminho para as Molucas navegando por ocidente, largou de Sanlúcar de Barrameda no dia 20 de Setembro de 1519. No dia 27 de Abril de 1521, Magalhães foi morto em combate com os nativos na ilha de Mactan, no arquipélago das Filipinas e, depois, coube ao navegador basco Juan Sebastián Elcano a missão de conduzir a nau Victoria até ao ponto de partida, utilizando a rota dos portugueses, isto é, pelo cabo da Boa Esperança. Elcano chegou a Sanlúcar no dia 8 de Setembro de 1522 e a bordo da Victoria iam apenas 18 homens dos cerca de 240 que tinham iniciado a viagem. Embora não fosse esse o seu objectivo, o facto é que essa  viagem constituíu a primeira volta do mundo e, tanto Magalhães como Elcano, repartem essa honra.
Elcano veio a integrar a expedição de sete navios que largou da Corunha em 1525 sob o comando de Garcia Jofre de Loayza para reclamar as Molucas para o Rei de Espanha, mas veio a ser vítima do escorbuto quando a expedição já navegava no oceano Pacífico.
Juan Sebastián Elcano é, portanto, um dos grandes navegadores do século XVI e o navio-escola da Marinha de Espanha tem exactamente o seu nome. Ontem o navio chegou ao porto de Getaria, na província de Gipuzkoa, no País Basco, a fim participar nas cerimónias comemorativas dos 500 anos da viagem em que o navegador basco completou a volta ao mundo.
A visita do navio-escola espanhol à localidade onde nasceu Elcano foi recebida com grande entusiasmo e foi relatada por alguma imprensa nacional, que ilustrou as suas primeiras páginas com a fotografia do navio. O jornal El Correo, que se publica em Bilbau, foi original e escolheu o sugestivo título: Elcano vuelve a casa.

O Tour de France 2019 já aí está!

A 106ª edição da Volta à França começou ontem em Bruxelas e, depois dos ciclistas pedalarem 3460 quilómetros, terminará em Paris no dia 28 de Julho. Durante 22 dias estarão na estrada 176 ciclistas de 22 equipas e, entre eles, três portugueses: José Gonçalves do Team Katusha Alpecin, Nélson Oliveia do Movistar Team e Rui Costa do UAE Team Emirates.
O Tour de France é um dos mais importantes acontecimentos desportivos do mundo e desperta um enorme entusiasmo nos franceses. Este ano a corrida homenageia Eddy Merckx, o ciclista belga que a venceu por cinco vezes, estando a despertar um interesse adicional, não só porque o percurso é considerado muito duro e inclui cinco etapas de alta montanha, mas também porque o ciclista inglês Chris Froome, campeão do Tour em 2013, 2015, 2016 e 2017, vai estar ausente, o que faz aumentar as possibilidades de uma vitória francesa.
Independentemente dos seus aspectos desportivos, o Tour de France é um grande espectáculo de realização televisiva, não só porque informa sobre todos os detalhes desportivos da corrida, mas também porque constitui um notável exemplo de promoção turística e cultural da França ao mostrar grandes paisagens naturais e inúmeros elementos do património construído, incluindo palácios, castelos, igrejas, pontes e outros monumentos. As reportagens televisivas do Tour de France são documentos de promoção turística e de divulgação cultural imperdíveis, mesmo para quem não gosta do desporto velocipédico.

Até Cavaco beneficiou do saco azul do BES

No já longínquo dia 22 de Janeiro de 2006 realizaram-se eleições presidenciais em Portugal e o vencedor com 50,54% dos votos foi o candidato Aníbal Cavaco Silva, natural de Boliqueime, professor universitário e ex-primeiro-ministro. Mais tarde a imprensa noticiou e o google conserva essa informação, que a “Família Espírito Santo foi a principal financiadora da campanha de Cavaco em 2006” e que “Ricardo Salgado deu a quantia máxima”.
Em 2011 o presidente Cavaco Silva recandidatou-se e foi eleito com 52,95% dos votos, quando o mundo estava assolado por uma grave crise financeira surgida da chamada crise do subprime (2007) e da falência do centenário banco novaiorquino Lehman Brothers (2008). O turbilhão da crise chegara a Portugal e o BPN foi nacionalizado (2008) para evitar a sua falência e outros males maiores no sistema financeiro português. A crise financeira persistiu e o BES entrou em dificuldade que se revelou inultrapassável. O presidente Cavaco Silva esteve atento, até pela sua condição de economista e antigo director do Banco de Portugal. Então, durante uma viagem oficial à Coreia do Sul, afirmou que “os portugueses podem confiar no BES”, ao mesmo tempo que elogiava a actuação do Banco de Portugal. Cavaco quis ajudar os seus amigos do BES, mas o desastre aconteceu. Os milhares de clientes do BES que confiaram na sabedoria do Professor e na palavra do seu Presidente da República, ficaram arruinados.
Agora, a reportagem da última edição da revista Sábado revela que na campanha presidencial de 2011 houve um esquema de financiamento ilegal em que altos dirigentes do BES, supostamente a título pessoal, doaram cerca de 253 mil euros à candidatura de Cavaco Silva, para iludir a lei de financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais que, expressamente, proíbe os donativos de empresas e outras entidades colectivas. Só que esses dirigentes vieram a ser integralmente ressarcidos do seu “donativo” pelo fundo que agora é conhecido como o “saco azul” do BES, o que significa que terão incorrido no crime de financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Esta situação mostra como o BES sempre ajudou Cavaco Silva nas suas campanhas eleitorais, designadamente através do seu famoso “saco azul”, pelo que o Ministério Público, através do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), parece querer esclarecer este caso. Mas porquê só agora? Contudo, vale mais tarde do que nunca.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

A festa da unidade nacional americana

Hoje é o Dia da Independência dos Estados Unidos, em que se comemora o 4 de Julho de 1776, o histórico dia em que os representantes das treze colónias americanas declararam a sua separação do Império Britânico e aprovaram a Declaração de Independência.
O 4 de Julho é também o dia nacional dos Estados Unidos e é um momento único de unidade para os americanos, que acompanham os desfiles militares e paramilitares que se realizam por todo o país, nos quais são exaltados os seus valores patrióticos e simbólicos. As associações culturais e profissionais participam activamente nas comemorações e mobilizam os seus associados. As famílias aderem à grande festa nacional e convivem em animados churrascos e piqueniques, esquecendo por um dia as suas preferências políticas e o apoio que dão aos democratas ou aos republicanos.
Embora os principais factores que tornam os Estados Unidos no país mais poderoso do mundo se encontrem na economia, no desenvolvimento tecnológico e no seu potencial militar, é considerado que o simbolismo transmitido pelo The Fourth of July reforça o sentimento de unidade e de coesão nacionais dos americanos de todas as origens geográficas ou étnicas.
O jornal New York Post dedicou a capa da sua edição de hoje ao The Fourth of July, associando-se dessa forma à grande festa americana da unidade nacional. Provavelmente, em nenhum outro país do mundo o seu dia nacional é celebrado de forma tão entusiástica.
 

Será o renascimento da sociedade feudal?

A notícia da edição de hoje do Jornal de Notícias deixou-me estarrecido – os magistrados com dois anos de serviço vão ganhar tanto como um general. Segundo informa o jornal, todos os juízes e procuradores do Ministério Público que ao fim de dois anos de trabalho não tenham uma nota inferior a “bom” terão uma remuneração ilíquida base de 4.336 euros. Este valor é quase equivalente ao que aufere um almirante ou um general das Forças Armadas, após uma carreira muito longa, muito exigente tecnologicamente e muito escrutinada interna e externamente.
A medida faz parte dos novos estatutos dos magistrados judiciais e do Ministério Público e também coloca os magistrados a receberem mais do que um coordenador da Polícia Judiciária no topo da sua carreira de investigação criminal e com décadas de serviço efectivo. Esta situação é bizarra e, certamente, é uma consequência da actividade do sindicalista Ventinhas e das greves que tem promovido na sua luta pela independência e pela autonomia funcional do Ministério Público. O tema é muito controverso, porque na República o poder pertence ao povo e a sua arma é o voto. Os poderes do Ministério Público e dos seus magistrados, que são importantes num Estado de Direito, não derivam do voto popular e são desproporcionados, o que lhes permite atacar quem quiserem com base em meros indícios ou suspeitas, com privação da liberdade, destruição da vida profissional e pessoal, liquidação do seu bom nome e a condenação na praça pública. Miguel Sousa Tavares chamou-lhes “os intocáveis” e explicou que “são a única classe profissional em Portugal que não pode ser julgada disciplinarmente por ninguém que não eles próprios” (Expresso, 29 de Junho de 2019).
Ora é esta gente que ao fim de dois anos passa a ganhar tanto como um almirante ou com um general e que, pouco tempo depois, pode ganhar mais do que o primeiro-ministro. É chocante. Parece o renascer da sociedade feudal, em que havia os senhores com todos os direitos e os servos da gleba sem direitos nenhuns.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Portugal e Moçambique: relações fortes

Na minha já distante juventude uma visita de um chefe de Estado estrangeiro a Portugal era um grande acontecimento e eu lembro-me das visitas da Rainha Isabel II da Grã-Bretanha (1957) e do Presidente Eisenhower dos Estados Unidos (1960), entre outras visitas presidenciais feitas a Portugal nesse tempo. A televisão que acabara de aparecer no nosso país mostrava imagens dos banquetes oficiais e dos desfiles militares, enquanto os jornais e as estações radiofónicas dedicavam grandes reportagens ao acontecimento. O povo saía à rua para ver passar a caravana oficial, para apreciar as vistosas guardas de honra e para aplaudir o dignitário, ao mesmo tempo que as crianças das escolas eram alinhadas nas bermas dos percursos para agitar bandeiras.
Depois, com o surgimento de uma nova ordem internacional marcada pelo progresso económico e tecnológico, pela interdependência regional, pelo desanuviamento e pelo interesse mútuo, as relações entre os Estados intensificaram-se e as visitas presidenciais tornaram-se uma rotina e passaram a ter, quase sempre, objectivos de natureza económica. Porque essas visitas se tornaram uma rotina na vida das nações e, por vezes, duram poucas horas, quase deixaram de ser notícia.
Porém, a visita oficial a Portugal ontem iniciada por Filipe Nyusi, o Presidente da República de Moçambique, tem características especiais e é uma notícia importante, destacada hoje no jornal moçambicano O País. Moçambique e Portugal falam a mesma língua e partilharam um passado histórico comum, com altos e baixos como todos os relacionamentos, mas seguramente que não há na Europa um país tão moçambicano como Portugal, enquanto na costa oriental africana não há país tão português como Moçambique. 

Quem são os caloteiros que devem à banca

Em Portugal há uma forte tendência para encontrar bodes expiatórios para tudo o que não corre bem, isto é, arranja-se um alvo e a imprensa, ou a justiça, ou a política, encarregam-se de influenciar a opinião pública e queimar esse alvo na praça pública. Há uns anos atrás foi o Relvas que usou títulos académicos indevidos e tudo lhe caiu em cima, como se fosse só ele. Depois foi o Pinto de Sousa que vivia acima das suas possibilidades e também tudo lhe caiu em cima, como se fosse só ele. A seguir foram os incêndios de Pedrógão e à ministra Constança tudo lhe caiu em cima, como se fosse só ela. Agora é o José Berardo e tudo lhe cai em cima, como se fosse só ele a dever dinheiro à Caixa Geral de Depósitos ou a provocar a derrocada do sistema financeiro português e das fraudes que aconteceram no BPN, no Banif, no BES e não sei onde mais.
Os aspectos jurídicos ou criminais destes casos não me interessam particularmente, embora saiba que “47 banqueiros foram ou ainda estão presos por causa da crise financeira. Metade são da Islândia. Nenhum é de Portugal” (Expresso, 23 de Setembro de 2018).
No caso da dívida de 320 milhões de euros de José Berardo à Caixa Geral de Depósitos, assistimos ao triste episódio de uma audição parlamentar que mais parecia um inquérito policial, enquanto os políticos e os jornalistas estão calados no que respeita à divulgação dos nomes dos outros grandes devedores da banca pública ou privada, sem que sejam conhecidas as suas fraudes e as enormes batotas de quem se governou e que, por vezes, até comendas recebeu. Uma tristeza e, por isso, o título do jornal i tem o meu aplauso. O que tem acontecido com este silêncio e com a ajuda pública a toda a banca é obsceno, pois é o dinheiro dos nossos impostos. É caso para perguntar quem são e quanto devem todos os Berardos que há por aí.

Um passo errado do soberanismo catalão

O movimento independentista da Catalunha ensaiou em Outubro de 2017 uma insurreição contra o Estado espanhol, que incluiu a realização de um referendo organizado pelo governo catalão que não passou de uma farsa, uma declaração unilateral de independência feita por Carles Puigdemont e a promoção de grandes manifestações populares que mostraram que a Catalunha estava politicamente dividida. A unidade da Espanha que consta da sua Constituição levou à intervenção da justiça espanhola de que resultou a detenção de alguns dos líderes independentistas, enquanto outros se decidiram pelo exílio em Bruxelas. Quando no passado mês de Maio se realizaram as eleições europeias, dois tribunais de Madrid anularam a decisão da Junta Eleitoral que excluira Carles Puigdemont e Toni Comín, ambos fugidos à justiça espanhola pela sua participação no mencionado referendo, que o governo espanhol considerou ilegal.
No passado dia 26 de Maio tanto Carles Puigdemont como Toni Comín foram eleitos eurodeputados e ontem, em Estrasburgo, prepararam-se para tomar posse na primeira sessão da nova legislatura. Porém, os dois políticos catalães foram impedidos pelo Tribunal Geral da União Europeia porque não tinham a cédula emitida pela Comissão Nacional Eleitoral de Espanha que exige que todos os novos eurodeputados espanhóis se apresentem numa cerimónia de posse e de compromisso, que se realiza em Madrid, onde juram obedecer a Constituição de Espanha. Ora estes eleitos não tinham essa cédula, uma vez que não compareceram à referida cerimónia (pois seriam detidos), além de que o governo espanhol considera que ambos eram "inelegíveis" nas europeias por não estarem inscritos como cidadãos espanhóis a viver no estrangeiro. O legítimo movimento soberanista catalão continua a ser muito mal servido por esse Puigdemont que, enquanto representante da Catalunha, não tem assento no Parlamento Europeu. Foi um erro dos independentistas que esqueceram a sua causa para safar um descontrolado político.