terça-feira, 23 de julho de 2019

As missões lunares e o combate à pobreza

A Índia lançou com sucesso uma missão lunar com o foguete GSLV Mark III a partir da plataforma de lançamento do Centro Espacial de Satish Dhawan, instalado em Sriharikota, no estado de Andhra Pradesh, no sul da Índia. Trata-se de uma missão não tripulada que é o mais ambicioso projecto da agência espacial indiana, que foi baptizada como Chandrayaan-2 e que tem como objectivo uma alunagem para fins científicos na região do polo sul da Lua. Trata-se da segunda missão indiana de exploração lunar, uma vez que a missão Chandrayaan-1 realizada em Novembro de 2008 já colocara um engenho na órbita lunar.
Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia, felicitou os quase mil cientistas envolvidos no projecto e congratulou-se por ter sido “fully indigenous”, isto é, ter sido realizado sem intervenção estrangeira. A agência espacial indiana espera agora que a aeronave pouse sobre a superfície lunar dentro de 48 dias, depois de percorrer os 384 mil quilómetros que separam a Terra da Lua. Se tiver sucesso, a Índia será o quarto país a desembarcar na Lua, depois da Rússia, dos Estados Unidos e da China.
Este acontecimento que, naturalmente, teve grande repercussão mediática na Índia, demonstra o elevado nível de desenvolvimento científico e tecnológico do país, mas também revela a sua ambição geoestratégica para se afirmar em relação aos seus vizinhos e rivais, sobretudo a China e o Paquistão, e para se assumir como a potência regional do oceano Índico.
Porém, o enorme investimento indiano nas tecnologias espaciais, suscita fortes críticas internas e internacionais porque esta utilização de recursos poderia ser canalizada para o combate à pobreza, que na Índia afecta muitos milhões de pessoas. A famosa opção entre “canhões ou manteiga”, expressa pelo economista Paul Samuelson quanto ao desenvolvimento económico, tem na Índia uma semelhança ou uma analogia entre “missões lunares” ou “redução da pobreza”.

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