A crise que desde 2008 tem afectado a Europa devido
à especulação e à fraude praticada pelos grandes grupos financeiros internacionais, tem
conduzido ao crescimento dos défices e ao aumento das dívidas públicas da
generalidade dos países, sobretudo na orla euro-mediterrânica. Daí têm
resultado orientações ou imposições das instituições políticas e financeiras
europeias, no sentido dos défices públicos regressarem ao nível dos 3% do PIB e
das dívidas serem reduzidas para valores da ordem dos 60% do PIB. Assim, há diversos
países europeus que estão actualmente sujeitos a programas de ajustamento que
implicam enormes cortes orçamentais para reduzir os gastos públicos, mas que têm
conduzido à quebra da procura interna, à recessão e ao desemprego, sem atenuar
o peso da dívida pública. São as chamadas politicas de austeridade que se têm
mostrado muito violentas e com devastadores efeitos económicos e sociais, com destruição do tecido económico, o retrocesso nas políticas de educação e
de saúde, assim como no aumento da pobreza e da desigualdade. O protesto contra estas políticas
e contra os cortes orçamentais tem sido frequente em Espanha e na Itália, por vezes com sinais de alguma violência, mas
também em Portugal, França, Grécia, Irlanda e outros países, pois existe a convicção de que há
alternativas ao actual modelo, que passam pelo estímulo à economia e à criação de emprego. Nesta
onda de crítica ao falhanço das políticas de austeridade, a novidade surgiu
recentemente em Espanha, onde as marchas de protesto utilizam uma eloquente sinalética
que proibe a tesoura e os cortes como mostra a edição do El Periódico de Catalunya.
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