A proposta governamental do Orçamento do Estado para 2014 inclui uma
verba de 34,8 milhões de euros para deslocações e estadas dos titulares e do
pessoal dos gabinetes ministeriais, havendo sete ministérios que irão gastar mais
em 2014 do que no corrente ano de 2013. Numa altura em que o país está em grandes
dificuldades, em que há sinais de decadência e de progressivo empobrecimento, com
os salários e as reformas a serem intensamente penalizados, esta lógica despesista
parece não ter explicação. É uma situação incompreensível. É um abuso. Fazem-se
contas e não se percebe quem vai fazer e para que servem tantas viagens.
Provavelmente, os nossos governantes até deveriam viajar mais para melhor
conduzirem as suas actividades em prol do interesse nacional, mas deveriam
dispensar as suas numerosas e dispendiosas comitivas, com demasiados
assessores, ajudantes e convidados, para além dos habituais jornalistas que
outra coisa não fazem que não seja promover a Excelência que os convidou e
transmitir para o país algumas banalidades a respeito do país para onde a
Excelência viajou, pois não vão fazer jornalismo nenhum. E se isto é válido
para o governo, também se aplica às comitivas de Belém, porque são sumptuárias
e desproporcionadas. Este tipo de comportamentos é muito condenável, não tanto
pelo peso que estas despesas têm no Orçamento do Estado, mas sobretudo porque
constituem um mau exemplo e um sinal muito negativo para os sectores da
população que pagam impostos e têm sofrido uma brutal perda de rendimentos.
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