A UNESCO adoptou em 2003 uma convenção sobre património cultural imaterial, onde se incluem as práticas, representações, expressões, conhecimentos e aptidões, assim como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados, que as comunidades, os grupos ou os indivíduos reconheçam como fazendo parte integrante do seu património cultural.
Desde 2008, o primeiro ano em que a convenção se materializou, que a UNESCO já classificou 213 candidaturas que foram aprovadas e integradas na Representative List of the Intangible Cultural Heritage of Humanity. Hoje, o Fado passou a integrar essa Lista, juntando-se, por exemplo, ao tango, ao flamenco e à ópera chinesa, o que constitui um facto relevante no panorama da cultura portuguesa.
A candidatura portuguesa foi muito bem preparada e foi muito apoiada pela comunicação social. Durante alguns dias a crise financeira e o orçamento para 2012 foram esquecidos. Falou-se de fado e ouviu-se fado a toda a hora, tendo sido produzidas inúmeras declarações que salientaram os benefícios da candidatura: o reconhecimento do que "já estava no coração das plateias internacionais", a “reconciliação nacional” com o fado, uma nova oportunidade para o “negócio das casas de fado”, a consagração das novas gerações de fadistas, entre muitos outros.
Porém, a mais surpreendente declaração surgiu da fadista Mariza ao defender que o fado deve passar a ser ensinado nas escolas, constituindo um factor de orgulho para os portugueses e defendendo a inclusão do fado na disciplina de História no 7º ou 8º ano de escolaridade. Podemos rejogizar-nos com a decisão da UNESCO, mas não nos podemos embriagar com tanto fado! Nem tanto ao mar, nem tanto à terra...
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