A sucessão de
acontecimentos que nas últimas semanas estão a ocorrer na Europa e à volta da
Europa começa a ser desesperante, porque os cidadãos estão a ficar muito
confusos, interrogando-se sobre este tempo, que já não se sabe se é tempo de
paz, ou se é tempo de preparação para mais guerra. O que está a acontecer é um
verdadeiro e preocupante tsunami. Com
o Papa doente e com António Guterres escondido sem se saber de quê, não há
vozes que apelem à moderação e à sensatez. Ninguém esperaria isto, mas depois
de 80 anos de paz na Europa, renasceu o turbulento discurso da guerra. Só se
fala de guerra. Quase todos os dias há reuniões de alto nível e quase todos os
dias se afirma uma coisa e o seu contrário. O amigo de ontem é o adversário de
hoje. Parece que ninguém se entende.
A popular revista
Stern,
que se publica semanalmente em Hamburgo, na sua edição de ontem trata
exactamente desta confusão e para ilustrar a sua capa escolheu uma imagem de
Donald Trump e de Vladimir Putin, trocando vénias sobre uma Ucrânia estendida e
com o título Die Achse der Bösen, cuja
tradução é O Eixo do Mal.
O Eixo do Mal foi uma expressão utilizada
em 2002 pelo presidente George W. Bush para se referir aos inimigos dos Estados
Unidos – Iraque, Irão e Coreia do Norte – os quais acusava de apoiarem o terrorismo
e de possuírem armas de destruição maciça.
A imagem das vénias
de Trump e Putin vale mais que mil palavras, pois mostra como na política
internacional os interesses se sobrepõem aos princípios. Porém, a referência a um
eixo do mal inimigo da Europa, ou desta Europa, é um exagero jornalístico para estimular
as vendas da revista, embora tenha subjacente a ideia da irrelevância de António Costa, von der Leyen, Macron, Mark Rutte e tantos outros guerreiros, mesmo
após o anunciado rearmamento europeu, que o tempo mostrará como aconteceu, ou não
aconteceu.
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