sábado, 8 de março de 2025

Haverá mesmo um novo 'eixo do mal'?

A sucessão de acontecimentos que nas últimas semanas estão a ocorrer na Europa e à volta da Europa começa a ser desesperante, porque os cidadãos estão a ficar muito confusos, interrogando-se sobre este tempo, que já não se sabe se é tempo de paz, ou se é tempo de preparação para mais guerra. O que está a acontecer é um verdadeiro e preocupante tsunami. Com o Papa doente e com António Guterres escondido sem se saber de quê, não há vozes que apelem à moderação e à sensatez. Ninguém esperaria isto, mas depois de 80 anos de paz na Europa, renasceu o turbulento discurso da guerra. Só se fala de guerra. Quase todos os dias há reuniões de alto nível e quase todos os dias se afirma uma coisa e o seu contrário. O amigo de ontem é o adversário de hoje. Parece que ninguém se entende.
A popular revista Stern, que se publica semanalmente em Hamburgo, na sua edição de ontem trata exactamente desta confusão e para ilustrar a sua capa escolheu uma imagem de Donald Trump e de Vladimir Putin, trocando vénias sobre uma Ucrânia estendida e com o título Die Achse der Bösen, cuja tradução é O Eixo do Mal.
O Eixo do Mal foi uma expressão utilizada em 2002 pelo presidente George W. Bush para se referir aos inimigos dos Estados Unidos – Iraque, Irão e Coreia do Norte – os quais acusava de apoiarem o terrorismo e de possuírem armas de destruição maciça.
A imagem das vénias de Trump e Putin vale mais que mil palavras, pois mostra como na política internacional os interesses se sobrepõem aos princípios. Porém, a referência a um eixo do mal inimigo da Europa, ou desta Europa, é um exagero jornalístico para estimular as vendas da revista, embora tenha subjacente a ideia da irrelevância de António Costa, von der Leyen, Macron, Mark Rutte e tantos outros guerreiros, mesmo após o anunciado rearmamento europeu, que o tempo mostrará como aconteceu, ou não aconteceu.

Sem comentários:

Enviar um comentário