Decorreram em Timor-Leste as festas comemorativas da passagem do décimo aniversário da restauração da sua independência, que se verificou no dia 20 de Maio de 2002. Numa altura em que ainda estão bem presentes na nossa memória as dolorosas etapas que, desde 1974 até à actualidade, levaram à construção do Estado timorense, a celebração desta efeméride tem todo o sentido no plano simbólico, quer em Timor-Leste, quer em Portugal. A história recente da ilha do crocodilo e do povo timorense é uma grande epopeia. Depois da turbulência do período de descolonização e do abandono português, aconteceu uma guerra civil a que se seguiu a brutal invasão e ocupação indonésia, com as cumplicidades americana e australiana. Embora martirizados pela guerra e pelos ocupantes, os timorenses resistiram nos meios urbanos e nas montanhas. Em Díli, no Matebian e no cemitério de Santa Cruz. Na rede clandestina e na luta armada. Com Nicolau Lobato e Konis Santana. Com Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak. O referendo de 1999 premiou a tenacidade e a coragem timorenses e o povo escolheu o seu próprio destino, embora algumas forças reaccionárias tivessem então destruído quase todo o património edificado em território timorense. Disse-se, então, que não houvera uma tão extensa destruição desde a 2ª guerra mundial. A comunidade internacional percebeu nessa altura que, embora encaixados entre a Indonésia e a Austrália, os timorenses tinham direito à sua identidade e à sua dignidade. Assim, a efémera independência que tinha sido declarada em 1975 foi restaurada em 2002. Depois de Xanana Gusmão e José Ramos-Horta terem ocupado a Presidência da República, no dia em que se comemoraram dez anos sobre a restauração da independência, esta passou a ser ocupada por José Maria Vasconcelos, casado com Isabel da Costa Ferreira. Porém, Vasconcelos não usa o seu nome de baptismo e mantém o nome de guerra que usou durante a luta armada: Taur Matan Ruak.
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