A política em
Portugal tem sido transformada numa enorme embarcação salva-vidas, onde a
generalidade dos seus passageiros entra com pouca coisa ou de mãos vazias, mas
que quando desembarca vem com as mãos bem cheias. Uns encostam-se a bombordo,
outros alinham-se por estibordo, mas toda essa gente sem escrúpulos não tem
outro objectivo que não seja tirar partido das circunstâncias e enriquecer,
tendo passado pela política de forma desonesta e sem sentido do bem comum. Essa
gente deslumbra-se com a sua própria ignorância, desfaçatez e perversidade e,
muitas vezes, faz gala na exibição de um novo-riquismo que tende a esconder as
suas origens sociais bem modestas, mas certamente mais dignas. O seu objectivo
é apenas o de enriquecer e todas as artimanhas valem para cumprir esse plano.
Os exemplos são infelizmente tantos, quase sempre escondidos por uma
comunicação social incompetente e que parece estar ao serviço desse tipo de
gente e dos seus interesses.
Na sua última
edição o Expresso revelou na sua 1ª página mais um caso muito interessante, a respeito do
antigo ministro Manuel Pinho, que foi alto funcionário do BES e que,
recentemente, vira ser-lhe negado pelos tribunais um acordo de pensão de
reforma de 7,5 milhões de euros e a atribuição de uma pensão vitalícia de
21.500 euros mensais, a que se considerava com direito. Agora, em novo
processo, Manuel Pinho exigia o pagamento de 273 mil euros e juros,
correspondentes a uma remuneração mensal de 39 mil euros que deveria receber
até Dezembro de 2017, enquanto administrador do BES Africa, agora chamado Novo
Banco África. O tribunal voltou a recusar esta exigência e revelou que Manuel
Pinho apenas estivera em 11 das 18 reuniões realizadas pelo BES Africa desde
2010 pelo que, de facto, já tinha recebido 217 mil euros por cada reunião.
É obra: 217 mil euros por
reunião!
Apetece-me
parafrasear José de Almada Negreiros, poeta d’Orpheu Futurista e Tudo, no seu Manifesto anti-Dantas:
O
Dantas-Pinho é o escarneo da consciência! Se o Dantas-Pinho é portuguez eu quero ser hespanhol!
E o folhetim continua...
ResponderEliminarE assim deve continuar dado o número parece que infindável de artistas.