sábado, 22 de junho de 2019

A crise do Golfo e o uso de PlayStations

Na passada quinta-feira os Guardas da Revolução Iraniana anunciaram ter abatido um drone ou avião não-tripulado da Marinha americana que, alegadamente, violava o seu espaço aéreo na área do estreito de Ormuz. Em tempo de grande tensão entre os Estados Unidos e o Irão, este incidente deu origem a mútuas acusações, a ameaças, à convocatória do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a muitas declarações dos líderes mundiais pedindo contenção às partes.
O drone de modelo RQ-4C Triton foi fabricado pela Northrop Grumman, tem o aspecto de um pequeno avião com 14 metros e meio de comprimento, pode voar durante 24 horas a altitudes superiores a 16 mil metros e tem um alcance operacional de 8200 milhas. Cada uma destas unidades custa mais de cem mil dólares. Como retaliação, o presidente Donald Trump declarou que a acção iraniana foi um erro e terá aprovado um ataque ao Irão, mas à última hora cancelou a sua decisão porque entendeu que os 150 mortos previstos nesse ataque eram desproporcionados em relação ao abate do drone, mas também porque os líderes do Congresso lhe pediram cautelas. O Irão não se ficou e veio declarar que também detectou um avião tripulado americano em violação do seu espaço aéreo mas que poupou a vida aos seus 35 ocupantes, isto é, os Estados Unidos não quiseram matar 150 iranianos e o Irão não quis matar 35 americanos.
O assunto é sério e é evidente que nestas coisas entram demasiadas variáveis e que muitas delas são fabricadas e mentirosas, mas cada vez mais parece que os conflitos bélicos do nosso tempo tendem a ser resolvidos com PlayStations, em que os computadores de uns lutam com os computadores dos outros. O jornal Khaleej Times, que se publica no Dubai, foi um dos poucos jornais mundiais que deram destaque de primeira página ao abate do drone americano, provelmente porque a sua base era nos Emirados Árabes Unidos.

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