No dia 12 de
Junho de 1985, exactamente há 40 anos, foi assinado por Mário Soares e por outros
governantes portugueses, o
tratado de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE) e
o jornal
i evocou esse acontecimento histórico ao escrever, em primeira página,
que foram “quatro décadas que mudaram Portugal”.
Assim foi de facto. Depois do Ciclo do Império, iniciado no
século XV com a conquista de Ceuta e a expansão marítima ultramarina, vieram a
democratização e a descolonização como conquistas que só o 25 de Abril tornou
possível e Portugal e os portugueses “regressaram” à Europa.
Foi uma evolução natural de acordo com os “ventos da
História” e todos os indicadores económicos e sociais revelam uma profunda
mudança no país, devida sobretudo a factores endógenos mais evidentes na
Educação e na Saúde, mas também devido a factores de ordem externa,
materializados através dos fundos comunitários que têm sido uma alavanca
essencial para a Economia e para as Infraestruturas.
Desde o dia 1 de Janeiro de 1986 que Portugal é membro de
pleno direito da União Europeia, que em 1992 sucedeu à CEE. Eram então 12
países da Europa ocidental e atlântica, mas os tempos expandiram este bloco e
agregaram mais 15 países da Europa oriental. Hoje são 27 estados-membros com 24
línguas oficiais e nacionais, numa situação intermédia entre o federalismo e os
nacionalismos regionais, com uma unidade só aparente, configurando-se quase como
uma Europa das Pátrias, onde ainda procuram manter parte da soberania nacional como
sonhara o general De Gaulle.
De Bruxelas para Lisboa veio modernidade, progresso e muito
dinheiro – quase 200 mil milhões de euros em termos nominais nos últimos
40 anos – mas nem tudo corre bem por lá. Foi criada uma estrutura burocrática
cujo combustível é o dinheiro, a ganância e o despesismo, há demasiada
arrogância e falta de liderança, enquanto o bem-estar dos povos europeus deixou
de ser a preocupação dos burocratas de Bruxelas. Homens como Robert Schuman,
Jean Monnet, Konrad Adenauer, François Mitterand ou Jacques Dellors, não
existem mais. Agora a liderança europeia está confiada a gente menor que casa dia
mais afunda o sonho europeu de respeito pela paz, liberdade, democracia, igualdade,
estado de direito e respeito pela dignidade e pelos direitos humanos.
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