quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Os gestores que alternam

A edição de hoje do jornal de Negócios, tendo por base o relatório de governação de sociedades publicado pela CMVM, relativo ao ano de 2010, informa que “250 gestores têm 4.100 cargos de administração”, isto é, em média cada um destes 250 super-gestores administra mais de 16 empresas. Esta realidade sugere de imediato uma pergunta: será possível ser bom gestor quando se acumulam cargos em 16 empresas?
O caso mais significativo passa-se com Miguel Pais do Amaral, que gere 73 empresas, mas se se incluirem as empresas que gere no estrangeiro, são mais de cem. Porém, segundo declarou, é accionista de todas as empresas em que é administrador e, nesse caso, a eventual ineficiência da sua gestão prejudica-o directamente.
O referido relatório também informava que havia 17 gestores que acumulavam mais de trinta cargos de gestão, nem sempre no mesmo grupo empresarial ou no mesmo sector de actividade. É gente que nada em todas as águas, como os tubarões. A maioria nem são gestores profissionais e muitos são advogados e ex-políticos, o que parece denunciar conflito de interesses e ambição pessoal sem limites. Alguns deles mantêm uma intervenção politico-partidária activa, mas discreta. Estão com um pé em cada lado, como convém. Alternam. Fazem gestão de alterne. Naturalmente, tornaram-se ricos e, consequentemente, tornaram-se muito poderosos e influentes. O jornal de Negócios identifica alguns: o advogado Proença de Carvalho que exerce funções de gestão em 31 sociedades, o socialista Fernando Gomes que tem 29 cargos como administrador e o emproado Nogeira Leite que ocupa 25 cargos de gestão, embora haja também os Rebelos de Sousa, os Lobos Xavier e outras sumidades. São alguns dos nossos super-gestores e, navegando entre empresas e interesses, fazem gestão de alterne.


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