Realizou-se ontem em Berlim uma grande cimeira
com a presença de vários dirigentes mundiais com o propósito de parar os
combates entre grupos rivais e procurar uma solução para a Líbia, que ameaça
tornar-se numa nova Síria. Depois da queda de Kadafi instalou-se um vazio de
poder que, tal como no Iraque, na Síria e no Iémen, transformou o país em mais
um campo de batalha na guerra silenciosa entre as grandes potências. Alguma
imprensa publica hoje um mapa editado pela Agência Reuters, a maior agência de
notícias do mundo com sede em Londres, que mostra as posições no terreno das
forças que disputam o controlo do território da Líbia, parecendo um
caleidoscópio em que estão misturadas as cores que identificam as forças do
governo chefiado por Fayez al-Sarraj que é reconhecido
pela ONU, as forças do general Khalifa Haftar ou Exército Nacional Líbio, as
forças tribais tuaregues, os combatentes tubus e até o Daesh, cada um deles com
os seus aliados. Uma perfeita confusão. Os combates já duram há nove meses e o
conflito já se internacionalizou. O general Haftar tem o apoio da Rússia, do
Egipto e dos Emirados Árabes Unidos e a simpatia da França, enquanto o governo de
Fayez al-Sarraj é reconhecido pela ONU,
tem o apoio da Turquia, que já tem tropas no terreno, bem como a simpatia da vizinha
Itália. Há muitos mercenários no terreno e o armamento não deixa de chegar aos dois lados.
Ontem as potências com interesses na
guerra líbia conseguiram um acordo de cessar-fogo, apesar de continuar
paralisada a produção petrolífera no Leste do país por acção de Haftar, o que afecta as receitas governamentais. Apesar da pressão
internacional e dos chefes das facções em luta na Síria terem estado em Berlim,
não se encontraram pessoalmente. Pelo contrário, Putin e Erdogan que são os
principais intervenientes na Líbia, encontraram-se mais uma vez e é natural que
não estejam interessados em levar para a Líbia os problemas que ambos têm
enfrentado na Síria. A Líbia foi uma colónia italiana até 1951 e, por isso, a
trégua agora acordada tem particular interesse para a Itália e para a sua
opinião pública.
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