A política internacional está a
desenvolver-se a um ritmo alucinante e, todos os dias, somos confrontados com
novas narrativas e novos episódios que confundem os cidadãos comuns, que é a
categoria em que nos situamos. O triste encontro da Sala Oval entre Trump e
Zelensky, que aconteceu apenas há quatro dias, produziu efeitos demolidores e
afectou seriamente os caminhos que conduzirão à paz na Ucrânia, mas também
mostrou que os interesses económicos estão acima de todas as considerações.Alguns líderes europeus reuniram-se
imediatamente em Londres, agora sob a liderança de Keir Starmer, que parece ser
bem mais capaz do que o excêntrico Boris Johnson, daí tendo nascido um plano
para levar ao reencontro de Trump e Zelensky, de forma a garantir uma paz justa
e duradoura na Ucrânia. Uma parte da imprensa europeia, como sucedeu com o
jornal holandês Algemeen Dagblad (AD) que se publica em Roterdão, tratou de mostrar
a “fotografia de família” desses líderes e anunciar que, no apoio à Ucrânia, a
Europa estava unida. Porém, as declarações produzidas pelos diferentes líderes
que estiveram em Londres, mostram que não há unanimidade e que uns apoiam a
Ucrânia como podem e outros como lhe convém. De entre essas declarações
destaca-se o que diz Ursula von der Leyen que reafirma que “temos que rearmar a
Europa” e que “a Europa deve estar preparada para investir mais em armamento”,
avançando-se com um plano de 800 mil milhões de euros. A ser assim, o projecto
europeu nascido em Roma em 1957, parece ser de guerra e não ser de paz, além de
ser demasiado irrealista em termos financeiros. É mesmo um paradoxo que, tendo a União Europeia sido criada para que não houvesse mais guerras na Europa, seja a actual presidente da Comissão Europeia que se apresente, não como defensora da paz, mas como uma persistente defensora do investimento em armas. Provavelmente, como mostra o Eurobarómetro, os europeus não querem
perder os seus direitos sociais ou, como diria Paul Samuelson, não querem
trocar manteiga por canhões. Recorde-se que, no corrente ano de 2025, o Orçamento
da Comissão Europeia é de 193 mil milhões de euros e que o Orçamento do Estado
em Portugal é de 133 mil milhões de euros, mas que a senhora von der Leyen quer dispor de 800 mil milhões de euros!
Os tempos estão realmente difíceis e
o cidadão comum anda cada vez mais desorientado e confundido com o que dizem e fazem muitos dirigentes políticos.
Estamos confundidos ... e mal pagos!!!
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