O dia 28 de
Fevereiro de 2025 vai ser lembrado na história da Diplomacia e das Relaçóes
Internacionais como um lamentável e insólito acontecimento, cujas consequências
ainda são imprevisíveis. Na Sala Oval da Casa Branca, perante as câmaras
televisivas das grandes agências noticiosas mundiais, aconteceu um encontro
entre Donald Trump, o vice-presidente JD Vance e o presidente ucraniano
Volodymyr Zelensky – que deveria ter acontecido em ambiente reservado – e que
deu origem a uma grosseira troca de palavras, insultos e humilhações, conforme
escreve hoje o jornal El País, bem como toda a imprensa
internacional.
Volodymyr
Zelensky tinha atravessado o Atlântico e, provavelmente, esperava os
salamaleques a que foi habituado. Porém, parece ter caído numa “emboscada” e em
vez de um amigo, arranjou um adversário. A incontinência verbal e a grosseria
do DT são bem conhecidas, mas imaginava-se que se contivesse, devido ao seu
declarado interesse em acabar com a guerra e ao acesso privilegiado às famosas
“terras raras” ucranianas.
Porém, a conversa
pouco mais foi do que uma troca de palavreado grosseiro, com o DT a acusar
Zelensky de “ingratidão” e desrespeito para com o povo americano, embora a CNN
Internacional tenha apurado que o presidente ucraniano já agradeceu pelo menos
33 vezes aos Estados Unidos.
Perante este
insólito acontecimento, a situação altera-se muito e, certamente, não é no
melhor sentido. De repente, a Europa ficou mais isolada e mais fraca. Os líderes europeus correram para Londres e, curiosamente, pela
primeira vez desde há três anos, começaram a falar em cessar-fogo e em paz,
quando até agora só falavam de aviões, de tanques, de artilharia e de misseis.
Pedem unidade no apoio à Ucrânia, sugerem que Zelensky “esqueça” a humilhação
do DT e afirmam que o DT é essencial para negociar a paz. Keir Starmer "calou" Macron, Costa e von der Leyen e todos viram que sem os Estados Unidos não haverá paz na Ucrânia. Porém, ainda há quem pense na derrota da Rússia e pedem o reforço das despesas militares. Depois de três anos de insignificância, até pode ser que o episódio da Sala Oval de 28 de Fevereiro lhes abra
os olhos.
Para além duma análise política para que não me sinto vocacionado e que nada acrescentaria às muitas que por aí há, para todos os gostos, apenas direi que foi uma autêntica aula prática de boçalidade, má criação, ganância negocial e provocação despudorada por parte de um Golias perante a dignidade (certamente muito contida) de um David.
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