Toda a imprensa
europeia destaca o acordo a que se chegou em Bruxelas para ultrapassar a crise
provocada pela pandemia e para aproveitar esta oportunidade para reconstruir a
Europa numa perspectiva de mudança energética e digital, mas também numa nova
visão ambiental que minimize as ameaças provocadas pelas alterações climáticas.
A fotografia em que se felicitam a presidente da Comissão Europeia Ursula van
der Leyen e o presidente do Conselho Europeu Charles Michel ilustrou a primeira
página de alguns jornais e mostra que é nos momentos difíceis que se reforça a
unidade. Foi dito que é um momento histórico e, de facto, podemos estar perante
um novo Renascimento que ilumine a Europa e os europeus.
A Europa carece cada
vez mais de unidade para vencer as tendências nacionalistas que tendem a minar
o projecto de paz e de solidariedade que nasceu em 1957 e que hoje é a União
Europeia. O acordo agora conseguido vai no bom sentido e é um momento alto para
o projecto europeu, não só por procurar reparar os danos económicos e sociais
provocados pela pandemia do covid-19,
mas também por dar início à própria modernização desse projecto e nele envolver
as novas gerações.
Porém, sobretudo
em Portugal, é necessário que os agentes políticos e os jornalistas tenham uma
atitude pedagógica perante o público, o que nem sempre acontece, pois parece
que ficam deslumbrados com os números e deixam no ar a ideia de que tudo serão
facilidades. Afirmar que “o governo vai ter 18 milhões de euros por dia” ou
escrever que “Portugal vai ter 6000 milhões de fundos por ano” é enganoso ou
até mesmo mentiroso, pois cria ilusões nos portugueses. Para que não seja uma
oportunidade perdida, esse dinheiro vai implicar a apresentação de projectos
compatíveis com o acordo alcançado, criatividade, imaginação, realismo, muita
responsabilidade e vontade política de mudança. É um enorme desafio.
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