O ataque ao euro e às dívidas soberanas prossegue, numa cadeia de acontecimentos cuja interpretação é cada vez mais complexa. Depois da Grécia, da Irlanda e de Portugal, agora é a Itália – a 4ª economia europeia, a 8ª economia do mundo e um dos membros do G8 – que enfrenta sérias dificuldades financeiras.
Perante a pressão dos credores, o primeiro-ministro Berlusconi demitiu-se, enquanto se preparam medidas de austeridade para reduzir a dívida e o défice italianos. Com a economia estagnada há dez anos, a dívida pública acima dos 120% do PIB e com os respectivos juros a atingirem a barreira psicológica dos 7%, a Itália chegou à beira do abismo, como afirma o jornal catalão La Vanguardia .
No primeiro trimestre de 2012 terá de amortizar 64 mil milhões de euros da sua dívida pública e, no conjunto do ano de 2012, este valor subirá para o astronómico valor de 306 mil milhões de euros. Ninguém sabe o que irá acontecer e somos confrontados com todo o tipo de análises, parecendo significar que não há outra solução que não seja a austeridade, a que se segue a recessão económica, o empobrecimento e a continuação da espiral da dívida, com maior ou menor reacção social. Como tem sido dito, a Itália é grande demais para falir, mas também é grande demais para salvar. A incerteza reina na Europa, o euro está em perigo e o futuro é sombrio.
Há poucos meses, via-se e ouvia-se o sargento Catroga, o Moedas, o Cantiga e, sobretudo, esse génio da basófia que é o Nogeira, a tratarem o nosso problema como se fosse um caso de gorduras do Estado, de excesso de institutos e de fundações e, até, dos humores do Primeiro-Ministro. Com a mudança governamental, as agências de rating iriam sossegar, cairiam as taxas de juro e tudo se resolveria sem atacar a classe média, nem aumentar impostos. Eles tinham soluções para tudo.
Afinal, como agora se vê claramente, eles eram ignorantes ou mentirosos, porque o problema era outro.
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