quinta-feira, 28 de julho de 2016

Os vampiros e o naufrágio da banca

A falência do Lehman Brothers em Setembro de 2008, quando era o quarto maior banco norte-americano, foi a maior da história dos Estados Unidos e provocou a mais grave crise financeira mundial desde a Grande Depressão de 1929. As perturbações financeiras depressa atravessaram o Atlântico e o mundo entrou num período de grande instabilidade de que tem tido dificuldade em sair. A banca, a poderosa e arrogante banca, entrou em dificuldades e revelou que não passava de um império de pés de barro, em que o dinheiro era uma criação virtual sem substância económica e o crédito não era mais do que a forma de ajudar os amigos, de proporcionar negócios duvidosos e de favorecer gestores ambiciosos.
O Finantial Times divulgou um estudo recente, que o jornal i revelou em Portugal, que ajuda a esclarecer a situação, caracterizada por incompetência e corrupção: em 2015, os quinze presidentes executivos mais bem pagos dos Estados Unidos receberam um total de 236,6 milhões de dólares em salários e bónus, quando em 2009 tinham recebido 103,9 milhões de dólares, isto é, desde a crise de 2009 os banqueiros ganharam mais 128%. Absolutamente imoral e vergonhoso, foi como Barack Obama se referiu à situação e, em particular, ao facto de muitos bancos terem recebido ajudas estatais, ao mesmo tempo que mantinham o pagamento de avultados bónus aos seus gestores e trabalhadores.
Não sabemos o que se tem passado em Portugal em relação a esta problemática, mas são conhecidos os trambolhões de alguns bancos portugueses e os enormes buracos que criaram, para os quais os contribuintes são agora convocados a pagar.
Porém, os mesmos banqueiros de sempre circulam pelo interior do sistema sob a forma de administradores e de directores, sem que sejam apuradas as suas responsabilidades quanto à ligeireza, má fé ou incompetência com que destruiram a banca portuguesa. São, certamente os vampiros de que falava José Afonso em 1963, quando dizia que "batendo as asas pela noite calada" eles "vêm em bandos com pés de veludo, chupar o sangue fresco da manada".

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