sexta-feira, 8 de julho de 2016

A guerra do Iraque e o triste papel ibérico

O relatório Chilcot sobre a invasão do Iraque em 2003 surgiu no Reino Unido como uma bomba e veio mostrar que a intervenção militar anglo-americana e dos seus aliados se baseou na mentira e na grosseira manipulação das opiniões públicas. A conclusão do relatório é muito severa para o governo de Tony Blair, alegando que o antigo primeiro-ministro britânico decidiu a invasão sem antes ter esgotado todas as outras opções disponíveis e exagerou, de forma deliberada, a ameaça que o regime de Saddam Hussein representava. Com este relatório é agora mais evidente que George W. Bush e Tony Blair foram responsáveis pela guerra do Iraque e pela destruição do país, pelo afastamento de Sadam Hussein, pela morte de 150 mil pessoas e pelo início de um processo de destabilização que se estendeu do Iraque por vários outros países. Ainda é cedo para que a História registe o que realmente se passou e conduziu a uma guerra que mudou o Médio Oriente e o mundo, que já destruiu países como o Iraque, a Líbia ou a Síria e que abriu as portas a novas ameaças que estão a entrar pela Europa.
Na Cimeira dos Açores realizada na tarde do dia 16 de Março de 2003 estiveram Bush, Blair, Aznar e Durão Barroso e quatro dias depois foram iniciados os bombardeamentos de Bagdad. A Espanha não ficou indiferente ao Relatório Chilcot. Ontem El Periódico publicou a fotografia “oficial” da Cimeira dos Açores (da qual excluiu Barroso, o mordomo), salientando a participação de José Maria Aznar. Hoje o 20 minutos retoma o assunto com uma imagem de Aznar na sua primeira página,  dizendo que ele é citado 11 vezes no relatório e que “estava muito a favor de ir com a guerra para diante”. Significa que, mesmo em Espanha, a questão do apoio à invasão do Iraque não é assunto arrumado. Bom seria que aqui se soubesse qual foi o papel de Durão Barroso, porque não terá sido apenas mordomo. Era bom que ele esclarecesse junto de uma comissão de inquérito qual foi o seu papel. Com o seu servilismo ele “conquistou” então o lugar de Presidente da Comissão Europeia, onde também deu um bom contributo para a desagregação a que estamos a assistir na Europa.

1 comentário:

  1. Bom, o "nosso" Durão Barroso acabou de ter nestes dias o "merecido" prémio, como bancário (mais banqueiro, certamente).

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