sábado, 13 de abril de 2013

As reflexões de Mário Soares



As coisas da governação não têm corrido bem àquela malta e, recentemente, foi dito que “o país está a ser destruído” e que, assim, iremos afundar-nos. Porém, o governo decidiu dramatizar e teatralizar a situação e tem pretendido passar a mensagem de que não há alternativa política ao actual rumo e tem procurado contrariar a realidade com a falsa ideia de que tudo tem corrido bem (até ao chumbo do Tribunal Constitucional). Assim, a entrevista de Mário Soares ao jornal i é mais um sinal de lucidez a denunciar “o tremendo desastre que está realmente em curso” e o que por ele foi dito, com a sua experiência e sabedoria, é realmente para ser levado em conta.
Perante a grave crise da União Europeia e do euro, Mário Soares considera que é necessário começar por “repor os mercados usurários a obedecer aos estados, e não o contrário”. Por isso, critica a subserviência do governo em relação à troika, que vem operando e ameaçando com arrogância e que tem sido aceite passivamente “como se fosse dona de Portugal”. Na realidade, a troika devia ser uma representante do projecto europeu de solidariedade e de progresso partilhado, mas comporta-se como um verdadeiro bando de abutres que, através de condições muito severas e de juros especulativos, vem atentando contra a dignidade nacional de um estado-nação que é o mais velho da Europa. O que, provavelmente, nem a troika nem os seus luso-interlocutores, sabem.
Mas a crítica de Mário Soares também se dirige ao homem do leme que “se permite passar uma semana na Colômbia e no Peru” e que não tem consciência da gravidade da crise que se vive no país. E, recorrendo à História, recorda o que se passou há 105 anos, em que “por muito menos que isto foi morto o rei D. Carlos”. São apenas algumas das reflexões de Mário Soares.

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