Na sua
itinerância por tudo o que lhe cheire a mordomia, influência e poder, mas
também na sua ânsia de tocar todos os instrumentos e de ao mesmo tempo dirigir
a orquestra, a personagem deslumbra-se. É um atrevido. Andou pela Defesa e para além de ter
fotocopiado tudo, deslumbrou-se com generais e almirantes a prestarem-lhe
vassalagem; passou pelos Negócios Estrangeiros e para além de não ter parado em
passeatas pelo mundo inteiro, espumou de felicidade com a subserviência dos
diplomatas. Depois, no passado mês de Julho protagonizou um
verdadeiro golpe de Estado que nos custou milhões com a subida de juros que
provocou, mas viu o seu protagonismo e o seu poder
aumentarem na hierarquia do Estado. Numa demonstração de grande carácter, em
poucas horas deixou de ser irrevogável. O outro vergou-se e este sucesso
subiu-lhe à cabeça. Certamente, deve ter exclamado: “Mãe, sou um estadista, olha-me
o talento”. Então, a personagem passou a estar em todas e a apresentar-se como
um poderoso e como um deslumbrado – na relação com troika, na coordenação do orçamento, no guião para a reforma do
Estado e na promoção do investimento e das exportações. Assim, lá foi para mais
uma viagem até ao Oriente. Vendeu fruta. Que fruta? Vendeu arroz. Que arroz?
Que pouca vergonha!
A edição de hoje do jornal Macau hoje conta como
numa recepção à comunidade portuguesa de Macau chegou com duas horas de atraso,
pelo que metade dos convidados já se tinha ido embora. E nem sequer pediu
desculpa. “Inenarrável”, diz o jornal. Acham que é com espertalhões destes que
sairemos deste buraco em que nos afundamos dia após dia?
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