A Presidência da
República anunciou que, entre os dias 13 e 18 de Maio, o nosso Presidente vai
realizar uma visita de Estado à República Popular da China e à Região
Administrativa Especial de Macau, tendo havido uma fonte oficial que
classificou essa deslocação como "uma das mais importantes de sempre em
todo o seu mandato, pelo alcance político, económico, cultural e académico de
que se reveste". De acordo com o comunicado que foi divulgado no site da Presidência, a visita tem um
conteúdo político e diplomático, mas também incluirá fortes componentes
económica, cultural e académica. É certo que as
viagens presidenciais poderão ser uma necessidade da nossa diplomacia, se
estiverem integradas numa estratégia nacional (que ninguém conhece), mas há estudos
académicos que concluem que estas viagens não produzem resultados
satisfatórios.
A comitiva é sumptuosa, como deve ser nos tempos de abundância e
euforia por que passamos. Lá vão os assessores e os
mais próximos do Presidente, mais alguns governantes, com o irrevogável a fazer
mais uma passeata e talvez a inaugurar mais um ginásio. Lá vai mais uma
delegação parlamentar e uma comitiva empresarial com mais de uma centena de
empresários de áreas tão diversas como a banca, advocacia, farmacêuticas,
imobiliário, turismo, vinhos, agro-alimentar, arquitectos, além de
representantes de várias associações de jovens empresários. Lá vão os
institucionais do costume. Lá vai Cátia Guerreiro, a fadista favorita da
família Cavaco Silva e das gentes de Boliqueime, com lugar cativo nestas viagens. E muitos, muitos jornalistas, para que a sumptuosidade desta embaixada tenha o devido registo histórico.
Depois de 4 séculos em
Macau, ainda haverá quem precise de alguém para lhes abrir as portas da
China? Claro que não. Toda a gente sabe isso. Por isso, estas grandes comitivas são um insulto aos nossos sacrifícios, uma
exibição de novo-riquismo serôdio e um esbanjamento de dinheiros públicos. Como sempre acontece, a comitiva presidencial tem demasiada gente e, com
frequência, repete os mesmos protagonistas. É muita gente a fazer turismo à
custa dos dinheiros públicos. É tudo “à grande e à francesa” ou é “a mania das
grandezas”! Devem precisar de um A380 para levar tanta gente, mas ao menos divulguem a lista nominal da comitiva e revelem quanto vai
custar tudo isto que é pago com os nossos impostos. Depois queixam-se de serem
apupados...
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