terça-feira, 6 de maio de 2014

Um presidente que é uma enorme tristeza

Podia e devia ser o presidente de todos os portugueses, mas não é capaz. É uma tristeza. Uma enorme tristeza.
Lembramo-nos da noite da sua reeleição em Janeiro de 2013 quando espumou críticas contra os seus adversários eleitorais ao afirmar que foi “a vitória da verdade sobre a calúnia”. Agora vêmo-lo a atacar aqueles que legitimamente previam a inevitabilidade de um segundo resgate como aconteceu na Grécia ou os que defendiam que a saída do PAEF devia ser apoiada por um programa cautelar. Porém, ele também defendeu um programa cautelar há pouco mais de um mês quando, no prefácio dos seus Roteiros VIII, escreveu:
Em termos gerais, para um país que conclua com sucesso um programa de assistência financeira, é possível que um programa cautelar seja preferível a uma saída dita à irlandesa. Ficando inteiramente à mercê da volatilidade e das contingências típicas dos mercados, um país pode incorrer em custos de regressão elevados, sobretudo se as principais forças políticas não revelarem uma firme convicção no sentido de garantir, de forma concertada e a médio prazo, uma trajetória de sustentabilidade das finanças públicas e a prossecução de uma política de reformas para a melhoria da competitividade das empresas”.
Nesse mesmo texto, ele também escreveu que ”é uma ilusão pensar que as exigências de rigor orçamental irão desaparecer em meados de 2014” e  que “o país continuará sujeito a uma supervisão reforçada por parte da Comissão Europeia e a avaliações regulares do cumprimento das medidas acordadas...”. Então isto é que é a saída limpa de que fala o governo e que Belém apoia tão entusiasticamente?
Como todos sabemos, estas matérias não são ciência exacta. São muitos os prós e os contras de cada opção e a decisão tem sempre um elevado grau de incerteza. Só o tempo dirá se foi esta a melhor solução. Eu quero crer que sim. Então, porque razão foi ele espumar outra vez, agora no Facebook, contra os que tiveram opinião diferente daquela que o governo adoptou e que ainda os desafia com a pergunta “o que dizem agora?” Ele não consegue ultrapassar os seus medos nem a sua própria periferia. É uma tristeza termos alguém na presidência que não sabe o que é o consenso nacional. Basta!
 

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