Podia e devia ser
o presidente de todos os portugueses, mas não é capaz. É uma tristeza. Uma enorme tristeza.
Lembramo-nos da
noite da sua reeleição em Janeiro de 2013 quando espumou críticas contra os
seus adversários eleitorais ao afirmar que foi “a vitória da verdade sobre a
calúnia”. Agora vêmo-lo a atacar aqueles que legitimamente previam a
inevitabilidade de um segundo resgate como aconteceu na Grécia ou os que defendiam
que a saída do PAEF devia ser apoiada por um programa cautelar. Porém, ele também
defendeu um programa cautelar há pouco mais de um mês quando, no prefácio
dos seus Roteiros VIII, escreveu:
“Em termos gerais, para um país que conclua com sucesso um
programa de assistência financeira, é possível que um programa cautelar seja
preferível a uma saída dita à irlandesa. Ficando inteiramente à mercê da
volatilidade e das contingências típicas dos mercados, um país pode incorrer em
custos de regressão elevados, sobretudo se as principais forças políticas não
revelarem uma firme convicção no sentido de garantir, de forma concertada e a
médio prazo, uma trajetória de sustentabilidade das finanças públicas e a
prossecução de uma política de reformas para a melhoria da competitividade das
empresas”.
Nesse mesmo texto, ele também
escreveu que ”é uma ilusão pensar que as exigências de rigor orçamental irão
desaparecer em meados de 2014” e que “o
país continuará sujeito a uma supervisão reforçada por parte da Comissão
Europeia e a avaliações regulares do cumprimento das medidas acordadas...”. Então isto é que é a saída limpa de que fala o governo e que Belém apoia tão entusiasticamente?
Como todos sabemos, estas matérias não são ciência exacta. São
muitos os prós e os contras de cada opção e a decisão tem sempre um elevado grau
de incerteza. Só o tempo dirá se foi esta a melhor solução. Eu quero crer que
sim. Então, porque razão foi ele espumar outra vez, agora no Facebook, contra
os que tiveram opinião diferente daquela que o governo adoptou e que ainda os desafia com a pergunta “o
que dizem agora?” Ele não consegue ultrapassar os seus medos nem a sua própria
periferia. É uma tristeza termos alguém na presidência que não sabe o que é o
consenso nacional. Basta!
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