ESPERANÇA, 28 Março de 2014 |
Foi há cerca de
três meses que o Banco Espírito Santo (BES) decidiu "recuperar a esperança", tendo lançado
uma campanha institucional com o duplo objectivo de realizar obras de
recuperação numa aldeia alentejana e de restaurar
o sentimento da esperança junto da população portuguesa. Essa aldeia tem 739
habitantes, chama-se Esperança e fica no concelho de Arronches, distrito de
Portalegre. Entre outras beneficiações realizadas na aldeia, foi recuperada a Escola
Básica da Esperança.
O Presidente da República, a Primeira Dama e o Ministro Crato associaram-se
à campanha do BES e visitaram essa escola, fazendo-se fotografar com os seus
acompanhantes, mas também com os professores e os alunos da escola. A imprensa noticiou
esta iniciativa e descreveu “como uma campanha recupera uma aldeia alentejana”
(DN/Dinheiro Vivo, 29-3-2014).
Menos de três
meses depois, o Ministro Crato anunciou o encerramento de 311 escolas no âmbito
da reorganização da rede escolar, cujos alunos vão ser integrados em distantes centros
escolares já no próximo ano lectivo de 2014-2015. Uma dessas escolas é
exactamente a EB Esperança, onde o Ministro Crato tinha levado o Venerando
Chefe do Estado para a citada acção de propaganda, onde este exibiu um largo sorriso
estampado no rosto. Agora, verificamos que as crianças, os professores e as famílias de Esperança
foram enganadas!
É sabido que,
desde há muitos anos, as assimetrias territoriais têm aumentado em Portugal,
mas também é sabido que a nossa desertificação territorial se tem acentuado nos
últimos anos com a recessão, o envelhecimento e o desemprego e, sobretudo, com
as políticas do actual governo, onde se incluem o encerramento de escolas, centros
de saúde, tribunais, repartições de finanças e estações de correios.
É caso para
perguntar: o que foram fazer à Esperança estes altos dignitários da Nação? É assim que se resolve o problema da natalidade?
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