No passado dia 10
de Novembro a maioria parlamentar votou contra o programa do XX Governo Constitucional
e o governo de Passos e Portas foi demitido. Porém, dois dias depois e de forma
muito estranha, pelas 23 horas e 30 minutos, foi anunciado que numa cerimónia
realizada à porta fechada, o governo demitido tinha assinado um acordo relativo
à venda de 61% da TAP ao consórcio Atlantic Gateway.
A venda da TAP é
um assunto controverso e há uma larga percentagem da população portuguesa que
discorda da sua privatização devido ao valor económico, simbólico e estratégico
da empresa. Porém, mesmo demitida, a parelha Passos e Portas não parou na sua
obcessão privatizadora.
Acontece que a
TAP tem uma dívida à banca que se estima em 770 milhões de euros e, segundo foi
divulgado pela imprensa, em caso de incumprimento ou de desequilíbrio
financeiro da empresa, ficou acordado que os bancos têm a dívida assegurada
pelo Estado, que o mesmo é dizer por todos nós. Foi um grande negócio para o
grupo privado, porque o risco da dívida não ser paga aos bancos ficou totalmente
do lado do Estado. É uma compra sem risco para o comprador e com todo o risco
para todos nós, porque nos levam a carne e nos deixam os ossos. Segundo refere
a imprensa, por parte do governo estiveram presentes na assinatura do acordo a
secretária de Estado do Tesouro, Isabel Castelo Branco e o secretário de Estado
das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Miguel Pinto Luz, isto é, duas
figuras governamentais de segundo plano que estavam demitidas há 24 horas, mas que se prestaram a esta triste figura. Esta
estranha pantomina nem sequer justificou a presença de um qualquer ministro ou
mesmo da parelha que agora se esconde das malfeitorias que nos faz.
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