Vivemos um “tempo
de incerteza” como disse, muito sabiamente, o nosso ainda Presidente da
República na sua mensagem de Ano Novo, decerto por ter lido que o mundo
enfrentava riscos crescentes de entrar em recessão, devido às crises nos países
emergentes e em especial na China. A incerteza resulta de muitos factores que
intranquilizam o mundo, desde a desaceleração da economia chinesa à guerra na
Síria, passando pela crise política brasileira, pelas eleições americanas, pelo
problema dos refugiados na Europa e até pelas recentes dúvidas sobre a solidez
do Deutsche Bank que, entre os dias 5 e 11 de Fevereiro, viu as suas cotações
cairem 9,3%.
O jornal inglês City
A.M. (Business with Personality!)
é um dos muitos periódicos europeus que hoje analisa a última semana e que
destaca a queda das cotações dos principais bancos europeus. O jornal francês Les Echos fala na débâcle boursière, nos banques
attaquées e diz que a Société
Génerale plonge. Na Espanha, segundo o El
Economista, na semana de 8 a
11 de Fevereiro a queda bolsista atingiu 8,86% e é noticiado que, juntos, o
Santander, o BBVA e a Telefonica perderam cem mil milhões de euros, isto é,
mais de metade do PIB português.
As bolsas estão em
vias de entrar em crash e a finança
internacional está assustada. Esses é que são os sinais da incerteza mas, num artigo intitulado “Les raisons d’un krach”, o
jornal Les Echos destaca hoje a
derrocada das bolsas mas, lamentavelmente, vem dizer escrever a frase “le Portugal au centre des inquiétudes”. Como é possível dizer-se
uma coisa destas? Como é possível que com tanta incerteza no mundo e tanta
falta de rumo na Europa, sejam algumas centenas de milhões de euros do
Orçamento português e dois ou três décimos de défice a perturbar Jean-Claude Juncker, Pierre Moscovici, Wolfgang Schäuble
e Jeroen Dijsselbloem?
Estamos realmente perante uma violenta tempestade que ameaça a Europa com a guerra,
com milhares de refugiados, com o brexit, o
desemprego maciço, o envelhecimento demográfico, os nacionalismos e os autoritarismos, mas
estes dirigentes-burocratas vivem obcecados com os países do sul que erguem a
sua voz e escolhem um caminho de dignidade. É que eles não estão preocupados com Portugal
mas, depois da Grécia, vivem agora assustados com o que pode acontecer com a
Espanha e com a Itália.
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