O semanário
moçambicano Domingo destaca na sua última edição uma notícia relativa a um
sururu na ilha de Kiriyanhuli, no distrito de Macomia, província de Cabo
Delgado. Nos tempos coloniais conheci essa ilha muito bem. Chamava-se
Quero-Niuni e era pouco mais do que um areal desabitado, com duzentos ou
trezentos metros de comprimento máximo, com alguma escassa vegetação e um
enorme banco que a envolvia e que em baixa-mar descobria algumas centenas de
metros de corais.
Segundo a
notícia, terá havido uma autorização provisória dada pelo governador da
província de Cabo Delgado para que a empresa Durr Mozambique, Lda, que pertence
a um deputado moçambicano, ocupe a ilha e ali instale um aldeamento turístico,
em associação com investidores sul-africanos.
Esse tipo de
investimentos tem sido usual em muitas das três dezenas de ilhas do arquipélago
das Quirimbas, pois as suas condições turísticas são excepcionais, com extensos
areais, águas límpidas, coloridos corais e variada fauna marítima. Nas ilhas
maiores, não tem havido incompatibilidade entre a existência dos aldeamentos ou
dos resorts turísticos e as aldeias
que nelas existem, nem entre os turistas e os ilhéus. Porém, no caso desta ilha
que é pequeníssima, parece haver uma disputa entre os que querem uma exploração
turística e aqueles que não abdicam de continuar a viver na sua aldeia formada
nos últimos anos, a partir da qual se dedicam à pesca. Não há espaço para as
duas realidades e os pescadores reagiram. Daí o sururu.
O facto é que uma
notícia relativa a um areal de duzentos ou trezentos metros de extensão nos evoca memórias de um outro
tempo e nos desperta saudades de umas ilhas paradisíacas.
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