A notícia já
corre há alguns dias e revela que o Facebook, ou feicebuque como o meu amigo JNB gosta de escrever, tratou de fazer
batota e começou a explorar o exibicionismo dos seus utilizadores e a
segmentá-los ou arrumá-los por perfis etários, psicológicos, económicos,
culturais e outros. Assim, construiu uma monumental base de dados com milhões de
registos de grande valor o que levou o deslumbrado Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, a vender essas informações privadas
a uma tal Cambridge Analytica.
Os efeitos
sociais dos mass media já eram bem
conhecidos desde finais da primeira metade do século XX, através dos trabalhos
de Paul Lazarsfeld e do casal Lang, que estudaram os efeitos das notícias sobre
os consumidores e sobre os eleitores, isto é, sobre o consumo e sobre o voto. Hitler
e a sua equipa também conheceram essas teorias de manipulação das decisões das
pessoas e o canadiano Marshall McLuhan veio dizer que, sob a pressão dos mass media, o mundo se tinha transformado
numa aldeia, daí nascendo o conceito de aldeia global.
Com a televisão, com a
internet e com as redes sociais, o problema aprofundou-se. É agora possível
definir os públicos-alvo com grande precisão e ser mais directo e mais eficaz
na transmissão de mensagens comerciais ou políticas, canalizando a mensagem
para os alvos preferenciais, se necessário através das fake news ou as notícias produzidas expressamente para produzir
certos efeitos, que são tão comuns em Portugal, sobretudo nas fugas ao segredo
de justiça que condenam qualquer cidadão perante a opinião pública, antes do
julgamento em tribunal.
Assim, a Facebok e a sua associada Cambridge Analytica
trataram de manipular os perfis dos seus utilizadores para uso publicitário e
eleitoral e, segundo parece, foi daí que resultaram as surpresas eleitorais que
deram a vitória ao Brexit e a Donald Trump. O assunto é muito sério porque é um
enorme perigo para a paz e para a convivência democrática, tendo sido retratado
na capa da edição de hoje do Der Spiegel.
Bem pode Mark Zuckerberg pedir desculpas, mas o facto é que o nosso modo de vida
está ameaçado.
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