No próximo dia 28
de Abril realizam-se eleições legislativas em Espanha e as sondagens que vão
sendo conhecidas estão a indicar que nenhum partido vai conseguir a maioria e
que vai ser difícil formar coligações de governo. Depois, no dia 26 de Maio
realizam-se as eleições para o Parlamento Europeu.
Perante este
quadro eleitoral, muitas associações da chamada Espanha rural, agora também
chamada La España vaciada, decidiram
manifestar-se ontem no centro da capital espanhola para, em tempos de campanha
eleitoral, exigirem dos poderes públicos mais investimento nas províncias mais
desfavorecidas e mais atenção para travar o seu despovoamento. A iniciativa que
juntou algumas dezenas de milhar de pessoas serviu para unir as reivindicações
das províncias do interior da Espanha “desde León a Murcia y desde Cáceres a
Huesca” e, segundo o jornal el Periódico de Aragón, a cidade de
Madrid foi ocupada, o que significa que a mensagem dos manifestantes passou.
A Espanha está confrontada
com o despovoamento do interior e a aglomeração populacional nas grandes
cidades, de que resultam graves problemas económicos e sociais, que se traduzem
em assimetrias regionais cada vez mais acentuadas. Embora em menor escala,
também Portugal padece da acentuada desertificação do interior. É um problema
que está diagnosticado e para o qual todos os políticos fazem promessas, sem
que se note qualquer inversão da situação, até porque essas regiões “não dão
votos”. Os poderes públicos fazem pouco para resolver a situação e calam-se
perante o encerramento de tribunais, linhas ferroviárias, agências bancárias, estações dos correios,
repartições públicas, esquadras da polícia, escolas secundárias e tudo o mais que não resiste à cegueira dos critérios financeiros da avaliação custo-benefício e que não olha a critérios sociais.
Os espanhóis
reclamaram ontem, mas os portugueses estão calados.
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