Na sua edição de
hoje o jornal francês Le Télégramme recorda que estamos a
cem dias das eleições presidenciais americanas, ou do fim do combate eleitoral
entre o actual presidente Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden. Apesar
da importância que esta escolha tem para o mundo, é muito estranho que este
assunto ainda não esteja nas agendas dos grandes mass media internacionais e que seja um jornal da Bretanha a
lembrar este momento simbólico da corrida presidencial e das eleições que se
realizam no dia 3 de Novembro. Segundo as sondagens mais recentes o democrata
Joe Biden está à frente de Trump nas intenções de voto por 8 a 10 pontos,
enquanto o Texas, que é um estado decisivo em número de delegados e que em 2016
votou maioritariamente em Trump, divide agora os seus votos igualmente pelos
dois candidatos. Estes dois indicadores são desanimadores para Trump e reforçam
o entusiasmo da campanha de Biden.
Nos Estados
Unidos, a crise do covid-19 já causou
quase 145.000 mortos, 4 milhões de infectados e, só nas duas últimas semanas,
revelou mais de um milhão de testes positivos. O homem que sempre se recusou a
usar máscara aparece agora com ela presa ao rosto e essa mudança de atitude
revela ignorância e arrogância, mas também uma enorme leviandade presidencial.
Trump tem desvalorizado a gravidade da pandemia e tem atacado insistentemente
Joe Biden, mas o seu estilo de permanente improvisão, de discurso confuso e de
ziguezague parecem ter cansado os americanos. As eleições americanas vão ser um
julgamento político de Donald Trump, não tanto pela situação económica do país ou
pela desorientação nas relações internacionais, mas pela resposta que deu à
pandemia do covid-19. Porém, nestes
cem dias, alguns imprevistos poderão acontecer e um deles será o comportamento
dos agentes políticos e sociais relativamente às questões raciais que
renasceram com o assassinato de George Floyd.
100 dias ainda são muitos dias e este sr. é capaz de tudo, mesmo daquilo que nem imaginamos.
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