O jornal El
Día que se publica na cidade de Tenerife, anuncia hoje que o estado de
guerra voltou ao Saara Ocidental, isto é, voltou a um território que dista
cerca de cem quilómetros das ilhas Canárias e, portanto, fica situado às portas
da União Europeia. O Saara Ocidental
é uma antiga colónia espanhola situada na costa africana a sul de Marrocos,
ocupa uma área territorial de cerca de 266 mil km2 de superfície, ou
seja, é cerca de três vezes maior do que Portugal e estima-se que tenha menos
de 500 mil habitantes, na sua maioria nómadas, islamizados e não alfabetizados. O seu
território é árido e quase desértico, mas tem cerca de mil quilómetros de
costa, além de um mar territorial e uma zona económica exclusiva que são muito apetitosos
economicamente.
No ano de 1975, quando
se estava no auge das descolonizações tardias, a Espanha abandonou aquele
território que, por acordo, veio a ser ocupado por Marrocos (dois terços) e
pela Mauritânia (um terço). Porém, invocando a representatividade da população,
em 1976 a Frente Polisário declarou a independência do território com o nome de
República Árabe Saaraui Democrática (RASD), que foi reconhecida por mais de
cinquenta países. A partir de então, a Frente Polisário ou o governo da RASD
instalado no seu exílio argelino, iniciaram uma guerra contra os dois países
ocupantes. A Mauritânia foi derrotada e desistiu das suas pretensões, mas a
guerra com Marrocos continuou com dureza até que, por intervenção da ONU, em
1991 se chegou a um cessar-fogo e a um acordo para a realização de um referendo
que nunca se realizou.
Este prolongado cessar-fogo que dura há 29 anos não tem
agradado à Frente Polisário que por várias vezes ameaçou retomar a guerra
contra Marrocos. O pretexto surgiu no dia 21 de Outubro junto do posto de
Guerguerat, na fronteira do Saara Ocidental com a Mauritânia, quando activistas
saarauis bloquearam uma estrada e foram atacados pelo exército marroquino, o
que levou a Frente Polisário a anunciar que a trégua que vigorava desde 1991
chegara ao fim. Durante o tempo
de guerra de 1976 a 1991 terão morrido 7000 soldados marroquinos e 2000 soldados
mauritanos, enquanto da parte saaraui se estima que tenham morrido entre um e
quatro milhares de combatentes.
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