Ontem
completaram-se 17.500 dias de vida do regime democrático português nascido em
25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura imposta ao povo português desde
28 de Maio de 1926, que também durara exactamente 17.500 dias. Hoje, a
democracia portuguesa ultrapassa o tempo de duração da ditadura e é caso para
dizer que atingiu a sua maioridade. Disse Winston Churchill que “a democracia é
a pior forma de governo, com excepção de todas as demais”. É uma bela frase que
traduz uma verdade, como sabem aqueles que em Portugal conheceram e podem
comparar o que foram o outro regime e o que é este que temos.
Porém, a
celebração do 25 de Abril não pode ser apenas a evocação de uma data histórica
e libertadora, mas deverá ser um ponto de partida para que possamos construir uma
sociedade melhor, mais informada, mais culta, mais sadia, mais justa e mais
solidária. Essa é a mensagem do 25 de Abril que havemos de preservar.
Ontem, no Pátio
da Galé em Lisboa, começaram as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril com uma
cerimónia solene e institucional, que teve a presença das mais altas figuras do
Estado e que teve transmissão televisiva em directo em que, para além dos
discursos circunstanciais, houve uma vertente cultural com espaço para a poesia
e para a música. A presença do histórico Bula,
o carro de combate ou chaimite que recolheu Marcelo Caetano no quartel do Carmo
na tarde do 25 de Abril, tal como os cravos vermelhos em algumas lapelas, foram os
sinais mais simbólicos dessa madrugada libertadora de há quase cinquenta anos. Incluída
na cerimónia que foi simples e cheia de dignidade, foi encerrada uma cápsula do tempo, contendo um conjunto de
objectos e de materiais, para ser aberta apenas em 2074.
A imprensa não
deu qualquer importância àquela cerimónia, mostrando-se mais interessada no anúncio
do XXIII Governo Constitucional, na evolução da guerra na Ucrânia e no jogo de
futebol desta noite entre Portugal e a Turquia.
A revista Visão foi a excepção que se saúda e destacou-se na evocação dos 17.500 dias de liberdade que nos trouxe o 25 de
Abril de 1974. Na capa da sua edição de hoje, aquela revista homenageia Salgueiro Maia, o
capitão que a História consagrou como o símbolo maior desse dia libertador.
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