quinta-feira, 24 de março de 2022

Os 50 anos do 25 de Abril e da liberdade

Ontem completaram-se 17.500 dias de vida do regime democrático português nascido em 25 de Abril de 1974, que acabou com a ditadura imposta ao povo português desde 28 de Maio de 1926, que também durara exactamente 17.500 dias. Hoje, a democracia portuguesa ultrapassa o tempo de duração da ditadura e é caso para dizer que atingiu a sua maioridade. Disse Winston Churchill que “a democracia é a pior forma de governo, com excepção de todas as demais”. É uma bela frase que traduz uma verdade, como sabem aqueles que em Portugal conheceram e podem comparar o que foram o outro regime e o que é este que temos.
Porém, a celebração do 25 de Abril não pode ser apenas a evocação de uma data histórica e libertadora, mas deverá ser um ponto de partida para que possamos construir uma sociedade melhor, mais informada, mais culta, mais sadia, mais justa e mais solidária. Essa é a mensagem do 25 de Abril que havemos de preservar.
Ontem, no Pátio da Galé em Lisboa, começaram as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril com uma cerimónia solene e institucional, que teve a presença das mais altas figuras do Estado e que teve transmissão televisiva em directo em que, para além dos discursos circunstanciais, houve uma vertente cultural com espaço para a poesia e para a música. A presença do histórico Bula, o carro de combate ou chaimite que recolheu Marcelo Caetano no quartel do Carmo na tarde do 25 de Abril, tal como os cravos vermelhos em algumas lapelas, foram os sinais mais simbólicos dessa madrugada libertadora de há quase cinquenta anos. Incluída na cerimónia que foi simples e cheia de dignidade, foi encerrada uma cápsula do tempo, contendo um conjunto de objectos e de materiais, para ser aberta apenas em 2074.
A imprensa não deu qualquer importância àquela cerimónia, mostrando-se mais interessada no anúncio do XXIII Governo Constitucional, na evolução da guerra na Ucrânia e no jogo de futebol desta noite entre Portugal e a Turquia.
A revista Visão foi a excepção que se saúda e destacou-se na evocação dos 17.500 dias de liberdade que nos trouxe o 25 de Abril de 1974. Na capa da sua edição de hoje, aquela revista homenageia Salgueiro Maia, o capitão que a História consagrou como o símbolo maior desse dia libertador.

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