Ontem cheguei a
Goa, o estado indiano que esteve sob a soberania portuguesa até 1961 e que, por
razões diversas, não visitava desde há vários anos. Viajei de Lisboa num
voo da Qatar Airways com escala em Doha, bem acompanhado, com conforto e com um excelente serviço de bordo.
No mesmo dia a
monção chegou a Goa e, segundo a edição de hoje do jornal The
Navhind Times que se publica em Pangim, apareceu com onze dias de
avanço em relação à data habitual. A data “oficial” em que a monção chega a Goa
é o dia 5 de junho, mas nos últimos dez anos chegou atrasada sete vezes,
adiantada duas vezes e só em 2021 chegou no dia esperado. Nos últimos vinte
anos nunca chegara tão cedo e todas estas “anomalias” da meteorologia da costa
ocidental da Índia são atribuídas às alterações climáticas.
A monção vai “permanecer”
em Goa até meados de setembro, com chuva quase contínua e muitas vezes
torrencial, que perturba a vida económica e social, inunda os campos, imobiliza
a frota pesqueira e desertifica praias que são batidas por mares tempestuosos.
Porém, a monção também é uma fonte de vida, pois atenua o calor intenso que
aquecera o ambiente e, em poucos dias, faz despontar uma paisagem verdejante
que traz consigo a marca da abundância para as populações rurais. Naturalmente, a
monção tem sido inspiradora de uma boa parte da literatura goesa, mas também de
práticas culturais muito diversas.
Estar em Goa em tempo de monção é um
verdadeiro privilégio, sobretudo em
termos históricos e culturais, até porque uma boa parte da expansão marítima
portuguesa do século XVI foi condicionada pela mesma monção que ontem chegou a Goa.
Boa estadia e bom regresso. Abraço.
ResponderEliminarUsufrui bem esses dias, numa terra onde nunca fui mas gostaria de ter ido. Um abraço.
ResponderEliminarRepetindo os votos durante a nossa conversa telefónica, boa estadia; como chuva civil não molha militar, aproveite essa maravilha, boa viagem de regresso. Abraço
ResponderEliminarAntónio Cabral