O jornal Público divulgou hoje a notícia de que um grupo de 74
economistas de duas dezenas de nacionalidades, muitos deles com cargos de
relevo em instituições internacionais, professores universitários,
editores de revistas científicas de economia e autores de livros e ensaios de
referência na área económica, decidiram juntar-se às 74 personalidades
portuguesas que, na semana passada, publicaram um manifesto a defender a
reestruturação da nossa dívida pública. Esses economistas dizem apoiar “os
esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da dívida pública global,
no sentido de se obterem menores taxas de juro e prazos mais amplos, de modo a
que o esforço de pagamento seja compatível com uma estratégia de crescimento,
de investimento e de criação de emprego”. O documento subscrito por estes
economistas tem um conteúdo muito semelhante ao manifesto intitulado
“Reestruturar a dívida insustentável e promover o crescimento, recusando a
austeridade”, que uniu um alargado leque de personalidades portuguesas a que,
lamentavelmente, o primeiro-ministro se referiu como “essa gente”, para além de
criticar duramente o documento, que classificou de irrealista e de pôr em causa
o financiamento do país. Para este
grupo de economistas internacionais, os resultados do programa de austeridade
imposto a Portugal são claros: “a austeridade orçamental reduziu a procura
agregada, agravou a recessão, aumentou o nível da dívida pública e impôs
sofrimento social à medida que as pensões e salários foram reduzidos, os
impostos foram aumentados e a protecção social foi degradada". Este documento é
um apoio inesperado ao manifesto dos notáveis portugueses que, entre outras,
teve a virtude provocar o debate nacional sobre a dívida e a sua
(in)sustentabilidade, para além de ter revelado o fanatismo ideológico e a
insensibilidade económico-social do primeiro-ministro e do núcleo duro que o
apoia.
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