Todos os jornais espanhóis escolheram os acontecimentos verificados ontem
na cidade autónoma espanhola de Melilla para ilustrar fotograficamente as suas
primeiras páginas e para destacar a notícia da entrada de uma verdadeira avalancha
humana que tomou de assalto a fronteira, numa das maiores ações do género dos
últimos anos. Até agora, o maior
"salto" deste tipo tinha acontecido em Outubro de 2005, quando 350
pessoas conseguiram alcançar o território espanhol. Ontem, terão sido cerca de
mil imigrantes provenientes sobretudo do Mali e do Senegal, que tentaram entrar
no enclave de Melilla, embora metade não tivesse conseguido devido à acção da
polícia dos dois lados da fronteira. As cinco centenas de imigrantes foram
recolhidas no Centro de Estância Temporária de Imigrantes (CETI) de Melilla
que, neste momento, alberga mais de 1300 pessoas, apesar de ter uma lotação apenas
para 480. Entre os imigrantes encontravam-se algumas dezenas de feridos que apresentavam
cortes nas mãos e nos pés por causa do arame farpado da vedação fronteiriça. Entretanto,
as
autoridades espanholas estimam que possam estar em Marrocos, à espera de poder
entrar em Melilla e Ceuta, mais de 80 mil imigrantes. Embora seja altamente
preocupante o caso das cidades autónomas de Ceuta e Melilla, o problema ainda
não tem a dimensão da que se verifica na ilha de Lampedusa e no sul da Itália, sobre
os quais até o Papa se interessou e onde nos últimos meses as autoridades
italianas resgataram mais de dez mil pessoas que
tentavam alcançar o seu território. Esta pressão migratória que se verifica
na margem sul da Europa e, em especial na Espanha e na Itália, constitui um
grave problema a que a União Europeia não tem dado a devida resposta, ou seja,
os dirigentes europeus, entre os quais se encontra o Presidente da Comissão
Europeia, não têm dado a devida atenção aos problemas humanitários e às
questões da solidariedade a que a Europa se devia obrigar por razões históricas
e humanitárias, preferindo dedicar-se à protecção dos grandes interesses económicos
e financeiros.
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