A ver navios... |
O nosso
Presidente da República, que um dia se classificou a si próprio como o homem do
leme, partiu para mais uma visita de Estado a juntar às visitas oficiais, às
visitas às comunidades, às deslocações para as cimeiras e encontros em que
participou e a outras visitas e viagens. Nunca um cidadão de Boliqueime viajou
tanto e esse cosmopolitismo deve ser devidamente assinalado, até porque nunca houve um Aníbal tão famoso nos algarves.
Aparentemente, a website da Presidência da República tem
muita informação sobre as viagens presidenciais e até parece um exemplo de
transparência, mas não é assim. Na realidade, os cidadãos que são eleitores e
contribuintes deveriam ter acesso a algo mais do que as reportagens de
circunstância que os jornais e as televisões divulgam sem nada questionar sobre
o interesse ou o resultado da visita, servindo apenas para promover o homem do
leme. Era preciso saber-se, para cada viagem presidencial, qual a constituição detalhada
das comitivas, assim como o seu custo total e por rubricas. Num outro plano,
igualmente importante, era necessário saber os resultados concretos das viagens
presidenciais, isto é, saber, por exemplo, que resultados concretos, económicos
ou outros, tiveram as viagens presidenciais de 2007 à Índia e ao Chile.
Isto é que é transparência. Isto é que é rigor económico.
Desta vez o
destino é a Noruega e, segundo foi divulgado, a comitiva presidencial integra quatro
ministros e “dezenas de empresários e investigadores”. É o costume! Não se
discute aqui porque viaja tanto o Presidente da República, porque haverá
assuntos de Estado que ultrapassam a ignorância dos cidadãos. No entanto, em
tempo de austeridade é caso para perguntarmos porque vai uma tão grande
comitiva com empresários da energia, cortiça, calçado, vinho, azeite, produtos
alimentares, cerâmica, construção e não sei que mais. E o que faz naquela
comitiva um advogado que é ministro da Defesa? Não é a embaixada de D. Manuel
ao Papa, mas este exibicionismo de pobre armado em rico não se compreende. Alguém
julga que estes empresários precisam destas viagens? Mal seria se estivessem à
espera delas para tratar dos seus negócios.
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