O mundo está a
passar por situações que estão a gerar muita angústia e muita incerteza. O
aumento da tensão internacional é uma realidade de que já ninguém tem dúvidas e
o clima dos tempos da guerra fria começa a estar expresso nos jornais e nas
declarações de alguns dirigentes mundiais. Há demasiados conflitos onde as
grandes potências estão envolvidas e, na Europa ou na periferia da Europa, os
próprios europeus parece terem deixado de ser uma voz activa. As batalhas de
Allepo ou de Mossul fazem parte desse cenário de confrontação e dessa enorme
incerteza. Todos os dias há acusações de crimes de guerra vindas de todos os lados.
Na Líbia a
situação não é menos dramática e centenas de grupos armados vagueiam pelo país,
enquanto na última semana a aviação americana executou mais de três dezenas de
ataques contra a cidade de Sirte, dominada pelos jihadistas do Daech. O jornal
católico francês La Croix veio alertar para essa crítica situação, que é pouco falada, talvez para não lembrar as graves culpas ocidentais neste drama aqui às portas da Europa.
Tudo isto
acontece cinco anos depois da morte de Muammar Kadafi e da intervenção militar
da NATO na Líbia que teve o aval das Nações Unidas e que, supostamente,
pretendeu travar (por razões humanitárias) a ofensiva das
tropas governamentais contra a revoltada cidade de Bengasi. Essa intervenção foi apenas uma das várias intervenções americanas ou aliadas para apoiar as Primaveras Árabes de que, quase sempre, resultaram resultados
catastróficos.
Porém, as esperanças ocidentais associadas à queda
de Kadafi, para construir uma sociedade livre e democrática na Líbia, não
resultaram, sobretudo por ignorância dos falcões ocidentais que desconheciam a
realidade sociológica do país. Tudo tem corrido exactamente ao contrário e a
Líbia está afundada no caos. Não há um governo funcional e, em vez disso, há vários
governos paralelos que lutam pelo comando do país. Centenas de grupos armados rivais
deambulam pelo país e confrontam-se. As condições de vida dos líbios
deterioraram-se depois da queda de Kadafi e os seus antigos arsenais abastecem
agora os terroristas nigerianos do Boko Haram.
O caos na Líbia tem responsáveis e, entre eles, estão certamente Nicolas
Sarkozy, David Cameron e Barack Obama.
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