domingo, 23 de outubro de 2016

O caos líbio está às portas da Europa

O mundo está a passar por situações que estão a gerar muita angústia e muita incerteza. O aumento da tensão internacional é uma realidade de que já ninguém tem dúvidas e o clima dos tempos da guerra fria começa a estar expresso nos jornais e nas declarações de alguns dirigentes mundiais. Há demasiados conflitos onde as grandes potências estão envolvidas e, na Europa ou na periferia da Europa, os próprios europeus parece terem deixado de ser uma voz activa. As batalhas de Allepo ou de Mossul fazem parte desse cenário de confrontação e dessa enorme incerteza. Todos os dias há acusações de crimes de guerra vindas de todos os lados.
Na Líbia a situação não é menos dramática e centenas de grupos armados vagueiam pelo país, enquanto na última semana a aviação americana executou mais de três dezenas de ataques contra a cidade de Sirte, dominada pelos jihadistas do Daech. O jornal católico francês La Croix veio alertar para essa crítica situação, que é pouco falada, talvez para não lembrar as graves culpas ocidentais neste drama aqui às portas da Europa.
Tudo isto acontece cinco anos depois da morte de Muammar Kadafi e da intervenção militar da NATO na Líbia que teve o aval das Nações Unidas e que, supostamente, pretendeu travar (por razões humanitárias) a ofensiva das tropas governamentais contra a revoltada cidade de Bengasi. Essa intervenção foi apenas uma das várias intervenções americanas ou aliadas para apoiar as Primaveras Árabes de que, quase sempre, resultaram resultados catastróficos.
Porém, as esperanças ocidentais associadas à queda de Kadafi, para construir uma sociedade livre e democrática na Líbia, não resultaram, sobretudo por ignorância dos falcões ocidentais que desconheciam a realidade sociológica do país. Tudo tem corrido exactamente ao contrário e a Líbia está afundada no caos. Não há um governo funcional e, em vez disso, há vários governos paralelos que lutam pelo comando do país. Centenas de grupos armados rivais deambulam pelo país e confrontam-se. As condições de vida dos líbios deterioraram-se depois da queda de Kadafi e os seus antigos arsenais abastecem agora os terroristas nigerianos do Boko Haram.
O caos na Líbia tem responsáveis e, entre eles, estão certamente Nicolas Sarkozy, David Cameron e Barack Obama.

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