António Guterres
recebeu ontem o doutoramento honoris
causa com que foi distinguido pela Universidade de Lisboa, a partir de uma
proposta do Instituto Superior Técnico (IST). Gostei dessa justa homenagem a um
homem que é um exemplo para os políticos portugueses e cujo percurso de vida devia
inspirar os nossos políticos que procuram ocupar postos internacionais apenas para
ganhar dinheiro. E não são tão poucos como isso...
Muita gente
importante quis estar presente na cerimónia pública para homenagear o homem que chegou ao lugar mais alto das Nações Unidas e que, segundo
Marcelo Rebelo de Sousa, foi o "governante mais
consensualmente amado desde sempre em democracia". Porém, na enorme assistência
também havia alguns camaleões e travestis políticos que nunca deixam de aproveitar
estas oportunidades para aparecerem e serem vistos, o que é lamentável e ridículo.
Guterres, que se licenciou em 1971 em Engenharia Electrotécnica com 19
valores, exactamente no IST, falou e mostrou a sua preocupação com as alterações
climáticas, com a falta de regulação da ciber-guerra e com o Médio Oriente,
para além de se referir aos seus temas de eleição que, desde há muitos anos, são
a luta contra a pobreza e as desigualdades sociais e, mais recentemente, a inovação e a sustentabilidade.
Numa referência simbólica à
escola onde se formou, disse que “se hoje tivesse de entrar para a
universidade sabendo que iria fazer da vida aquilo que exatamente fiz, teria
voltado a entrar para o IST”. É uma frase bonita para ser ouvida no IST, mas outros também dirão o mesmo das suas escolas, onde
aprenderam a aprender, onde formaram o seu carácter e onde construiram
as suas escalas de valores.
Com a honrosa
excepção do Diário de Notícias, a imprensa portuguesa ignorou este relevante
acontecimento da cultura e da política nacional, o que confirma que o nosso jornalismo anda muito próximo da mediocridade. Pela minha parte, é com satisfação que me associo à homenagem feita
a António Guterres.
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