As eleições
legislativas italianas realizaram-se no passado domingo e os resultados foram
considerados um cataclismo eleitoral, pois o cenário é muito incerto e poderá
dar origem a uma situação de ingovernabilidade, para além de deixar a Europa em
sobressalto. Le Télégramme, um jornal francês de Lorient, diz hoje que a
Itália está em pleno imbroglio político.
Aconteceu que a
coligação de centro-direita liderada por Matteo Salvini e que agrega a Liga do
Norte, a Forza Italia de Silvio Berlusconi e outros partidos eurocépticos e populistas,
obteve 37% dos votos, enquanto a coligação de centro-esquerda do ex-Primeiro
Ministro Matteo Renzi, que é dominada pelo Partido Democrático e tem cariz
social democrata, se ficou pelos 22,85% de votos. Entre estas duas coligações,
mas com o melhor resultado em termos individuais, aparece o Movimento Cinco
Estrelas, liderado pelo jovem Luigi di Maio de 31 anos de idade, eurocéptico,
populista e adepto da democracia directa, que foi a força mais votada com 32,68%
dos votos.
Ninguém conseguiu
os 40% que garantem a maioria absoluta para governar e Matteo Renzi já se
demitiu da chefia do seu partido. No meio de tantos partidos e tantas
coligações, é mesmo muito difícil antever o que irá acontecer.
Certo é que a
Itália está agora dominada por eurocépticos e populistas, uns da anti-política
e da democracia directa que não são da direita nem da esquerda tradicionais, outros
que estão muito próximos da extrema-direita. Um país fundador da União Europeia
parece ter-se unido contra o poder de Bruxelas e estar a alinhar-se com as
tendências direitistas e xenófobas da Hungria e da Polónia ou, como alguém
escreveu, “é estranho imaginar o governo de Roma mais próximo de Budapeste ou
Varsóvia, do que de Paris, Berlim ou Bruxelas”. Os italianos votaram contra as
políticas internas de apoio aos emigrantes, mas também contra as medidas
impostas por Bruxelas que têm empobrecido o país, havendo muita gente que, por
toda a Europa, teme um Brexit italiano, que a acontecer seria certamente mais
grave do que aquele que foi decidido em Londres.
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