Aproveitando as
novas regras do voto antecipado, já hoje fui votar para o Parlamento Europeu e
sou, portanto, um dos cerca de vinte mil eleitores que o requereram porque
prevejo estar ausente do país no próximo dia 26 de Maio. As mesas de voto
estavam instaladas no Edifício dos Paços do Concelho, na Praça do Município em
Lisboa, tendo o processo sido eficiente e rápido. O meu dever cívico ficou
cumprido, mas só o cumprimento desse dever democrático e a minha vontade de
fortalecer a Europa e o seu projecto de prosperidade e paz, me fez votar. Se
queremos Europa, então todos os votos são necessários.
Por aquilo que disseram
ou não disseram em campanha eleitoral, conclui
facilmente que a generalidade dos candidatos ao Parlamento Europeu não merecia o meu voto, nem tão pouco merece
beneficiar do seu especial estatuto, nem das mordomias da condição de deputado europeu. Alguns
nem sequer dão a cara e outros comportam-se como autênticos arruaceiros, não são capazes de mostrar uma ideia
ou estruturar um discurso europeísta e tratam de fazer a caça ao voto de uma
forma primária e mentirosa. Os casos mais evidentes são, provavelmente, os convencidos
eurodeputados Melo e Rangel, que são repetentes nestas andanças, mas que não
falam do seu trabalho em Bruxelas nem do que se propõem fazer por lá, preferindo
abusar de um discurso insultuoso que não se dirige sequer aos seus adversários
políticos, mas sobretudo contra o primeiro-ministro Costa.
Eles certamente conhecem a teoria do sociólogo Paul Lazersfeld, segundo a qual a maioria dos eleitores vota de
acordo com a sua predisposição política inicial, ou seja, não altera o seu
sentido de voto com as campanhas eleitorais. Assim, estas campanhas tornam-se num completo vazio de ideias, com o seu desfile de
banalidades, de grosserias e de insultos, com os candidatos a recorrer ao fait divers do quotidiano, à
intrigalhada e à maledicência, evidenciando por vezes grande ignorância e má fé
naquilo que vão repetindo por arruadas, mercados e jantaradas. Acontece que,
depois das eleições, deixamos de ouvir falar deles, excepto daqueles que têm um
pé em Bruxelas mas que não desistem de aparecer por cá como comentadores
encartados, para se promoverem e para aumentarem a sua conta bancária, porque muitos deles estão mais interessados nela do que no bem-estar dos portugueses. Não sei se o futuro da Europa pode ser feito com gente desta...
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