Ontem
na Gorongosa, na província moçambicana de Sofala, o presidente de Moçambique,
Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, assinaram um acordo para a
cessação definitiva das hostilidades e afirmaram unir-se para assegurar o seu
cumprimento.
O
acto ficou ensombrado por um ataque acontecido numa localidade próxima algumas
horas antes da cerimónia, em que foram atingidos um camião e um autocarro de
passageiros. Os autores deste ataque estão por identificar, embora as suspeitas
recaiam sobre alguns elementos da Renamo que não aceitam o acordo agora
assinado ou que contestam a liderança de Ossufo Momade. Significa, portanto, que a
paz agora alcançada ainda carece de consolidação concreta, embora seja um
esperançoso sinal para o futuro de Moçambique, sobretudo se os protagonistas do
acordo de 2019 e a sociedade moçambicana não esquecerem os erros do passado que
levaram ao insucesso dos acordos de paz feitos em 1992 e 2014, entre o governo
e o então líder da Renamo Afonso Dhlakama. A reconciliação é sempre um processo
difícil e, por isso, o antigo presidente Joaquim Chissano mostrou um entusiasmo
limitado pelo acordo agora assinado, embora tivesse dito que confiava que “às três é de vez”.
Moçambique
vai receber o Papa Francisco em Setembro e vai ter eleições gerais e das assembleias provinciais no dia 15 de Outubro, pelo
que o acordo agora assinado é um importante contributo para a unidade do país
em torno do progresso e da unidade nacional, mas também para que seja mais efectivo o combate aos
bandos fundamentalistas armados que têm actuado na província de Cabo Delgado. O expressivo sorriso exibido pelos subscritores do acordo na fotografia publicada pelo jornal O País, é muito estimulante para os moçambicanos.
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