sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Acordo de paz e o futuro em Moçambique

Ontem na Gorongosa, na província moçambicana de Sofala, o presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, assinaram um acordo para a cessação definitiva das hostilidades e afirmaram unir-se para assegurar o seu cumprimento.
O acto ficou ensombrado por um ataque acontecido numa localidade próxima algumas horas antes da cerimónia, em que foram atingidos um camião e um autocarro de passageiros. Os autores deste ataque estão por identificar, embora as suspeitas recaiam sobre alguns elementos da Renamo que não aceitam o acordo agora assinado ou que contestam a liderança de Ossufo Momade. Significa, portanto, que a paz agora alcançada ainda carece de consolidação concreta, embora seja um esperançoso sinal para o futuro de Moçambique, sobretudo se os protagonistas do acordo de 2019 e a sociedade moçambicana não esquecerem os erros do passado que levaram ao insucesso dos acordos de paz feitos em 1992 e 2014, entre o governo e o então líder da Renamo Afonso Dhlakama. A reconciliação é sempre um processo difícil e, por isso, o antigo presidente Joaquim Chissano mostrou um entusiasmo limitado pelo acordo agora assinado, embora tivesse dito que confiava que “às três é de vez”.
Moçambique vai receber o Papa Francisco em Setembro e vai ter eleições gerais  e das assembleias provinciais no dia 15 de Outubro, pelo que o acordo agora assinado é um importante contributo para a unidade do país em torno do progresso e da unidade nacional, mas também para que seja mais efectivo o combate aos bandos fundamentalistas armados que têm actuado na província de Cabo Delgado. O expressivo sorriso exibido pelos subscritores do acordo na fotografia publicada pelo jornal O País, é muito estimulante para os moçambicanos.

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