terça-feira, 10 de maio de 2022

O orgulho ferido de Vladimir Putin

Ao noticiarem as celebrações do Dia da Vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazi em 1945 que ontem decorreram em Moscovo, são vários os jornais espanhóis, franceses e italianos que, nas suas edições de hoje, utilizam a mesma fotografia de Vladimir Putin entre dois soldados russos e destacam que ele nada tinha para celebrar, porque as forças russas têm sofrido muitas derrotas em território ucraniano, que não esperavam. Segundo foi referido pelos comentadores televisivos, a imponência do desfile militar ficou aquém do que era habitual e nem houve o tradicional desfile aéreo por receio de um eventual ataque de drones. A sombra da guerra na Ucrânia pairou sobre a Praça Vermelha e embora no seu discurso não se tivesse referido à sua operação especial em curso, o Vladimir deixou claro que a sua decisão resultou da ameaça de uma invasão do território russo por forças da NATO. O discurso de Putin dirigiu-se sobretudo aos soldados e à população russa, sendo mais uma peça para a guerra da propaganda que, de certa forma, está a ser uma das surpresas deste conflito.
A fotografia de Putin que foi publicada no jornal la Reppublica vale mais do que mil palavras, pois mostra um homem cabisbaixo e vergado ao peso de uma evidente derrota pessoal, o que não significa necessariamente a derrota militar das forças russas.
Ninguém tem dúvidas de que o actual conflito na Ucrânia e as suas consequências para o mundo, continuam a estar dependentes deste homem que, por estar ferido no seu orgulho e na sua arrogância, está cada dia mais desesperado e mais perigoso. Não é necessário ser-se psicólogo ou perito em estratégia para perceber essa realidade, enquanto a História nos ensina o que sempre aconteceu quando os poderosos são feridos no seu orgulho.
Daí as sábias palavras de Emmanuel Macron que, há dois dias, defendeu em Estrasburgo que para terminar a guerra na Ucrânia, a paz terá de ser construída sem a humilhação da Rússia, que é exactamente o contrário do que disseram Lloyd Austin e os americanos.

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