Na pátria de
Gutemberg é enorme a produção de jornais e revistas, embora o nosso desconhecimento
da língua alemã torne muito difícil a interpretação das notícias, das
reportagens ou dos comentários. Porém, mesmo sem conhecer a língua, a nossa
atenção centrou-se na capa da edição de ontem da revista alemã Stern,
que é publicada em Hamburgo e tem quase oito milhões de leitores (cerca de
11,5% da população alemã com 14 anos ou mais). A capa reproduz uma ilustração que
mostra Zelensky e Putin a cumprimentarem-se sobre o símbolo da paz e do amor.
Como era bom que em vez de uma ilustração fosse uma fotografia!
Com a ajuda dessa
ferramenta extraordinária que é o Google,
fiz a tradução. O título “Ist frieden noch möglich?” significa “A paz ainda é
possível?”, enquanto o subtítulo diz que “A semana das negociações: como esta
guerra poderia terminar sem o afundamento da Ucrânia".
Estas
considerações aparecem no mesmo dia em que o G7 aprova “um pacote de 50 mil
milhões de dólares para a Ucrânia” e em que Jens Stoltenberg “pede aos membros
da NATO que reconsiderem os limites no envio de armas para a Ucrânia”. Há uma
semana foi Macron, já chamado o petit
Napoléon, que anunciou “a transferência para a Ucrânia de caças franceses
Mirage 2000-5 e um programa de formação de soldados”. Há cerca de um mês,
também Rishi Sunak anunciou “um pacote adicional de 500 milhões de libras para
fornecer rapidamente munições, defesa antiaérea, drones e apoio de engenharia”.
Paralelamente,
vários países prometeram aviões F-16, embora vão dizendo que “não podem ser usados
para atacar território russo” e até aquele nosso promissor ministro chamado Nuno Melo já
anunciou que “Portugal vai instruir militares
ucranianos na utilização de carros de combate”. Ninguém fala em paz, apesar de todos os dias verem os horrores da guerra pela televisão. Só a
revista Stern pergunta se a paz ainda
é possível, mostrando que todo este belicismo é perigoso e que não é da vontade
dos europeus, como se sabe pelo Eurobarómetro
e se viu na França e na Alemanha nas recentes eleições europeias.
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