Vivemos uma
situação climática muito angustiante em Portugal, que está sob uma “tempestade
perfeita” em muitas regiões continentais, com temperaturas do ar acima dos 30
graus, humidade relativa do ar abaixo dos 30 por cento e ventos coma mais de 30
quilómetros por hora. Como destaca o jornal Público na sua edição de
hoje, “em dois dias ardeu tanto como no resto do ano”. O presidente da Câmara
Municipal de Aveiro, uma região muito afectada pelos incêndios, afirmou que
“sobrevoei a Espanha e não vi um incêndio. Passei a fronteira e, só da janela
do meu avião, vi sete”, o que nos deixa com demasiadas interrogações sobre o
que se passa no nosso país, onde muita coisa se vem degradando rapidamente
perante a passividade do Estado, dos seus dirigentes, dos seus servidores e da
população em geral.
As condições
meteorológicas são muito adversas e vão persistir durante alguns dias, com
temperaturas elevadas e ventos fortes. Todos os anos, em maior ou menor escala,
o problema repete-se com inúmeros incêndios, com populações ameaçadas e com
milhares de hectares de floresta devorados pelas chamas. Todos os anos se
conclui que se faz pouco pela prevenção, que é uma responsabilidade colectiva
de que quase todos se demitem. Anuncia-se o envolvimento de meios aéreos e de
milhares de bombeiros, enquanto as televisões mostram as imagens do fogo e do
fumo e, sobretudo, anunciam “o número de operacionais envolvidos e o número de
viaturas”, a mostrar que não é a eficiência do combate que mais interessa, mas
antes a dimensão do negócio. Enquanto isto, as televisões dão cobertura a uma
feira de vaidades dos que gostam de ser vistos – autarcas, bombeiros,
especialistas encartados ou não, gente da protecção civil – muitos dos quais
“falam, falam, mas não os vemos fazer nada”, como diria o RAP.
O quadro é muito
preocupante, como se viu ontem com as declarações de um primeiro-ministro visivelmente preocupado.
Um verdadeiro desastre a pedir explicações mais aprofundadas.
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