sábado, 3 de dezembro de 2022

Há sinais ténues para acabar com a guerra

Embora de uma forma muito discreta, as forças em confronto na Ucrânia começam a dar sinais de cansaço e a falar em negociações de paz. Porém, enquanto Joe Biden põe como condição a retirada da Rússia dos territórios ucranianos ocupados, já Vladimir Putin põe como condição prévia o reconhecimento da ocupação russa desses territórios, isto é, as condições são à partida inaceitáveis pelas partes, o que mostra que há lugar para a diplomacia e para a arbitragem. No terreno, parece que o inverno não permite que haja soluções militares, mas também parece que começa a haver falta de mísseis e de obuses de artilharia. Entretanto, embora se vão trocando prisioneiros a mostrar que há canais de comunicação entre as partes, continua a destruição das cidades e o enorme sofrimento do povo que não tem a culpa da situação. A NATO insiste na promessa de apoio enquanto for necessário e não mostra sinais de apaziguamento, enquanto a União Europeia deixou de ter voz neste assunto e, lamentavelmente, se colocou sob a tutela americana e dos seus interesses, tanto estratégicos como económicos, como se vê com a prosperidade das suas indústrias do armamento e da energia.
No meio deste imbróglio, a edição de hoje do jornal espanhol ABC publica uma reportagem intitulada “No es Ucrania, es Toledo”, sobre o treino que 64 recrutas ucranianos, sem experiência militar prévia, estão a receber na Academia de Infanteria del Ejército de Tierra de Toledo, para servirem depois no exército do seu país. O programa de treino prolonga-se por cinco semanas, com um horário de trabalho de seis dias e meio por semana e com jornadas de 10-12 horas, tudo a ser suportado pela Misión de Asistencia Militar de la UE en Apoyo a Ucrania. Segundo revela o jornal, esta é a terceira instrução espanhola a soldados ucranianos em território espanhol, o que mostra que a Espanha aproveita e que, em nome da solidariedade, está a facturar os seus serviços a Bruxelas. Afinal, como se vê, os sinais de continuação da guerra são bem mais fortes do que os ténues sinais para acabar com ela.

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